sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Bárbara, um adjetivo

Chiko Kuneski

Futebol. Um palco de grama e paixão, como define Mauro Pandolfi, é, acima de tudo um tablado de drama. O dramático faz dele enigmático. O futebol é uma caixa de Pandora das emoções. Abre-se a cada apito do início do jogo e não tem como se saber como se fechará. Libera a magia e segredos secretos da psique humana.

Depois do apito inicial e de aberta a caixa Pandora conta suas desgraças e trapaças. Mas dois as abrem. E ela precisa de um para contar para o outro. Em passes mágicos, inumanos, em toques sutis longe até da sutileza dos deuses, em dribles, que enganam até o próprio destino.

O pênalti é a mais cruel vingança dos deuses do futebol. São irresponsáveis até nisso. Apenas serve para divertir seu apetite do drama do tablado de grama e paixão. Os deuses se divertem castigando os humanos que idolatram semideuses. Não suportam a concorrência. No pênalti se vingam dos arvorados.


Assim fizeram com Marta. A semideusa do futebol feminino. Criaram o drama do erro. Erro fatal. Mas os deuses do futebol sempre gostam de reservar o pior castigo para o último momento. Um chute. Olhos verdes vivazes. Velocidade. Movimentos divinos. Bárbara. Um substantivo que se adjetivou contra a vontade desses insanos deuses brincalhões.

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