terça-feira, 9 de agosto de 2016

Alma



Mauro Pandolfi

Sou fã de Neymar. Gosto dos dribles de asas de chuteiras - bela imagem criada por Chiko Kuneski -, do arranque, do futebol fantástico de playstation - outra do Chiko -, do jeito abusado, irreverente, festeiro. Moleque! Luan, Gabigol e Gabriel Jesus formam um trio de jogadores magníficos. Uma geração 'dourada'. Criativos e audazes. Walace, Dourado, Renato Augusto, Rafinha completam um ótimo time. No papel! Qual é o problema, então? O técnico Rogério Micale tem se revelado um treinador igual aos demais.  Um pastiche do moderno. Uma explicação é o lugar comum do massacre alemão que nenhuma modificação gerou. A outra, é alma! Olimpíada é movida a bravura, coragem, gana, alma. Há muito tempo que o futebol brasileiro vendeu a alma. Em troca do que? Não sei!
A beleza do esporte é a contradição.  O paradoxo! Prega união, paz, harmonia. Mas, é movido a batalhas. A Olimpíada é um simulacro de guerra. Países, mulheres, homens em conflito.  Buscam a glória e a heroicidade. A vitória é uma medalha no peito. Só o choro comovido, desesperador ' salva' o derrotado. No entanto, a fogueira incinera os perdedores. Neymar é o grande candidato desta 'inquisição'.  Os outros jogadores sairão chamuscado. Nenhum será torrado como Neymar. A medalha de ouro que Gerson  Vavá, Jairzinho, Falcão, Dinamite, Júnior, Rivaldo, Ronaldo Fenômeno nunca  trouxeram é uma obrigação dele. Neymar é só um jovem. Com todos os adjetivos atribuídos aos jovens ricos: boçal, babaca, mimado. 'Defeitos' que serão ignorados se a medalha de ouro aparecer no seu peito no final dos jogos. Cena difícil. Porém, nunca subestime o talento.
A outra beleza do esporte é a ressurreição. A derrota não é permanente. A mágica Marta já foi taxada de jogadora de jogo fácil, de medrar nas decisões, de pipocar. O tempo, o futebol encantador, a alma a transformaram em um desejo do torcedor brasileiro. O bom time de Vadão joga em função dela. Isto permite Marta brilhar. Mas, se no final dos jogos, a medalha no peito não for dourada, a fogueira esta aí acesa! A fúria, a gana, a alma, fizeram Rafaela Silva derrotar os  ''inquisidores' de 2012. Brilha, agora, o sorriso da vida difícil, o ouro, a volta por cima. Ela é exemplo para todos os perdedores. O impossível não existe, mesmo!.
O sete a um não é só folclorização. É tatuagem no futebol brasileiro. Não sai mais. Eterno. Nada mudará. Nem a cbf será extinta. O fundo do poço não tem fundo. O Internacional massacrou mais um ídolo. Falcão foi defenestrado depois de cinco jogos. O Inter busca a sobrevivência, fugir do rebaixamento, não quer um título que não tem. Catou o pensamento mágico de Fernando Carvalho e Ibsen Pinheiro. Mas, os cartolas do  Inter não perceberam que o Paysandu já está na série B.  Para 'treinador' encontraram ... Celso Roth! Ufa! Este risco os gremistas não correm mais.

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