sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Bola! Substantivo feminino...

 

Mauro Pandolfi

Não assisto futebol feminino! Se este texto tivesse mais que os seis leitores habituais, seria massacrado. Não sei se os seis terão benevolência comigo. Estou pronto para  as pancadas. Podem bater à vontade. Menos na mão esquerda queimada.  Dói muito! Mas, voltando à bola. Há algo que não me agrada no futebol feminino. Machismo! Será? Misoginia? Nunca! É a cultura que torna o jogo másculo? Eu detesto a machonaria latina. Então, o que é? Não sei! Um pouco de tudo que escrevi? Se for, ficarei frustrado com um conservadorismo que acho que não tenho. Ou, a opção é sempre o Grêmio e os homens que brincam com a bola desde menino? Talvez, a Marta me esclareça.
Faz tempo. Muito tempo. Foi lá por 72. Verdes anos. De uma aurora juvenil cercada de chumbo. O professor de Educação Física, não lembro se foi o Belisca ou o Renatão, dividiu a turma. O professor das meninas estava doente. O nosso resolveu juntar as turmas. Os meninos foram para a arquibancada do ginásio. As meninas ficaram na quadra. Nada de vôlei ou basquete. Futebol de salão! Quantos risos, quanta alegria nos tropeções, nas quedas. Desajeitadas. Mal sabiam correr. A bola pesada chutada de qualquer jeito. Moviam-se desesperadamente sem rumo. Andavam em bloco. Conseguiram até marcar gols. Meia hora de comédia. Nunca mais o professor repetiu a tentativa. Nas outras aulas, optou pelo vôlei. Meu deus, que texto machista!
Deitado no meu divã, descubro a origem do bloqueio. É aí que barrei as mulheres no futebol! Vi o teipe de Brasil x China. Fiquei encantado com o jogo, a postura, a vontade, o desejo, o lúdico. Nada romântico ou saudosista do velho futebol brasileiro. Repete o mesmo imaginário. Um jogo menos apressado. Um jeito veloz, rápido. Muita habilidade, destreza. Vadão é um ótimo artesão de times. Inventou o carrossel caipira do Mogi Mirim de Rivaldo. Há quase a dinâmica tática. E, ainda há  Marta. Marta é o dez sonhado pelos fanáticos do futebol antigo. Hábil, inteligente, bom passe, chute preciso. Marta não é o antigo dez. É o moderno dez. Marta é o mais próximo de Messi no mundo da bola.
Triste. Muito triste. decepcionado. O time dos amigos de Neymar é o mesmo retrato do tempo de Dunga. Medroso, confuso, soberbo. Um desastre tático. Uma equipe que tem Gabigol, Gabriel Jesus, Luan, Neymar e cia não pode ser ruim? Deve ser um espetáculo! É uma geração iluminada. O que aconteceu? Estreia?  Paúra? Vamos ver o que vai ocorrer. Pelo primeiro jogo, a corrida do ouro será árdua. E, tem os portugueses, alemães e nigerianos na disputa.
O mundo binário está terminando. Os extremos não existem mais. São reflexos de mundo passadista, de uma outra época. Esquerda e direita são meras ficções políticas. Se entrelaçaram de tal forma, que não há mais como separá-las. No comportamento, a fronteira masculino e feminino diluiu. O mundo agora é líquido. Os gêneros provocam belas misturas. Cada um pode ser o que quiser.; É a vida! Então, penso: o futebol pode ser uma doce, encantada mistura? Eu quero a Marta no meu time! E têm mais, a Marta é melhor que o Douglas, muito melhor!!!

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