segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O pulga

Chiko Kuneski

O grande segredo da sobrevivência da pulga é não se deixar encurralar. Arisca. Rápida. Ocupando os espaços que sabe não serão observados. Só a percebemos  quando a coceira da picada já está feita. É leve demais até para a sensibilidade capilar da pele.

A pulga é uma ilusionista. Tão rápida e cheia de truques atávicos que quase torna-se imperceptível. A não ser quando suga o sangue. Tira a vitalidade do oponente. Movimenta-se tanto que apenas truculências a podem parar.

O apelido faz jus. Lionel Messi é isso. Veloz. Ágil. Esperto. Pulsante. Enganador. É um ilusionista para as chuteiras algozes. Usa a truculência adversária a seu favor. Sabe as demarcações de todos os espaços do campo sem olhá-los. Conhece o retângulo espaço de círculos e outros retângulos como nenhum outro de sua época.

Fazendo jus ao apelido, no começo jocoso, sobrevive na capilaridade da grama. Faz do seu futebol uma ilusão de picadas de toques. De bico de chuteira. De vorazes mordidas diretas até na jugular, sem ser percebido. O “pulga” vestiu e se investiu do codinome.

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