quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Adorável lavanderia



Mauro Pandolfi

No canto, na espera, ele surge rápido.  Parece que ninguém está atento. Tenta o drible. Passou pelo primeiro. Enganou o segundo. O terceiro não conseguiu pará-lo. Tudo certo. Vai em direção do gol da vida. Mas, tudo tem um mas... O quarto não o deixa prosseguir. É um zagueiro duro. Neymar foi parado. O fisco espanhol é mais ligeiro. Atropela o  craque, enquadra, ameaça de prisão. O pai, uma espécie de safadão, tenta livrar a cara do filho. Disse que pagará a multa e tentará escapar da cadeia no Brasil e na Espanha.
O futebol é como a vida. Tem as alegrias e as mazelas. É corrupto como a política.  Genial como as artes. Seus 'heróis' também são vilões. A imensa quantidade de dinheiro que circula o transforma numa grande lavanderia. Empreendimentos de russos, árabes e, agora, os chineses. Messi, Mascherano, Sergio Ramos, Leandro Damião, entre outros, enfrentam estes duros 'beques' da justiça.
Quanto custou Neymar? Quanto vale? Duas perguntas difíceis de responder. O Santos acha que recebeu pouco. Dirigentes atuais do Barcelona alegam que pagaram muito. Quem também reclama é Delcir Sonda, dono da DIS. Sonda é uma espécie de parasita que infesta o futebol. O fisco espanhol investiga a negociação, suspeita de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e fraude. Já ouviu esta semana ele e o o pai em Madri. O velho Neymar assume parcialmente as acusações e livra a cara do filho. "Ele só joga", afirmou. O fisco não tem a mesma convicção. E, Neymar poderá sofrer um processo. Atualmente, a multa gira em torna R$ 450 milhões.
No Brasil, Neymar está sendo processado pelo Ministério Público de São Paulo. Além das acusações do fisco espanhol, há outra: formação de quadrilha. E, Neymar poderá ser preso. Depois da Lava Jato, é bem possível um figurão ver o sol nascer quadrado no Brasil. É triste ver Neymar nesta situação. Um gênio em apuros por ganância, avareza, luxúria. É uma repetição na vida brasileira, dos milionários, dos rentistas. Patrimônio é fundamental. Quanto mais, melhor! Se o bem for um 'presente', mais maravilhoso é! Mesmo que seja necessário ocultá-lo! Mas, sempre tem um xereta de olho. E, aí, a desculpa tem de ser muito boa, convincente, com um advogado esperto, amigos na mídia, discípulos crentes e fiéis... etc.
Triste o futebol! Há os craques, os cartolas, os jornalistas, os canalhas. Às vezes, estão no mesmo time. Lado a lado. Corrupção, fraudes, acertos. Será que o resultado é correto? Ou foi armado? Não sei! Será que vale a pena ficar na frente da tevê ou na arquibancada? Ou, escrever? Enquanto continuar achando que é um teatro de grama e paixão, vale! A emoção de um passe, de um drible, de um gol, de um jogo épico, é maior que a canalhice ou a esperteza. É a visualização da paixão, do encantamento, do prazer, da vida. Viva o futebol!

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