domingo, 20 de setembro de 2015

O circo do futebol na lona

Chiko Kuneski

A grande magia do circo, e o futebol nada mais é que um grande espetáculo circense com seus malabaristas do drible, trapezistas das traves, a ilusionista bola e os palhaços, cada vez mais se desmistifica. Nós, os palhaços, já não trabalhamos mais nos picadeiros do futebol brasileiro. Estamos nas cadeiras dos estádios ou nas poltronas das casas assistindo as piores pantomimas arbitrais. Juízes e bandeirinhas (não gosto do termo assistentes) com seus gestos espalhafatosos, marcam, desmarcam, intimidam, confundem, mandam e desmandam. Manipulam. Dão rasteiras nos dribladores, cortam as cordas dos trapézios e estão acabando com a ilusão da magia da bola. Riem até dos palhaços.

São hipócritas. Mentirosos. Engendradores de ardis ditatorias. Concordo com Mauro Pandolfi: os árbitros tornaram-se os donos do circo e decidem o que pode ou não pode no picadeiro de grama. Apoderam-se do jogo, ditando e criando regras próprias que apenas dependem de seu entendimento e observação um tanto quanto duvidosa. O campeonato brasileiro (séria A e B) chega a um recorde lamentável... pelo menos um erro crasso a cada jogo. E nós, os palhaços, pagando para tudo assistir. O futebol virou um espelho opaco do desgoverno nacional.

Mas toda hipocrisia gera soberba. A soberba cria uma sensação de total impunidade. Essa sensação trai. A soberba desnuda a arrogância, que acaba levando também o dono do circo à lona. O arrogante se trai por sempre tentar vangloriar-se do desfeito. Finalmente aconteceu com a máfia do circo.

Em declarações o árbitro do jogo Corinthians e Santos, Flávio Rodrigues Guerra, tentando explicar a marcação de um pênalti, possivelmente cometido pelo lateral Zeca do time santista, que resultou na expulsão do zagueiro David Braz, longe do lance, traiu-se textualmente:

Eu demorei um pouco para marcar. O assistente 1 (Rogério Pablos Zanardo) vê claramente o pênalti. Na hora que eu marquei, o jogador veio na minha direção, com ofensas morais”.  Se o zagueiro do Santos ofendeu, como relata, por que o juiz não o expulsou em ato contínuo. Ao contrario, foi conversar com o bandeirinha e voltou com o cartão vermelho em punho.  Afinal... para quem foram as tais ofensas verbais proferidas? Depois ainda tentou justificar:

“A gente ficou na dúvida de quem fez o pênalti, tinham dois jogadores no lance (as imagens mostram que era somente o lateral Zeca). A gente não conseguiu identificar quem fez o pênalti. A gente tem o rádio, mas estava muito barulho e não ouvia o assistente. Fui até ele e perguntei. Ele (Rogério Pablos Zanardo) me respondeu: "Flávio, eu não sei, não consegui perceber quem fez o pênalti". 

Ai está o máximo da hipocrisia arbitral tentando uma defesa por pura soberba.

Se o próprio juiz admite que no lance do pênalti tinham dois jogadores do Santos conta o atacante adversário, mas nem árbitro, nem “assistente 1” (bandeirinha) sabiam quem fez a falta capital como tinham convicção que houve pênalti? Se não viram o jogador que fez a falta como viram a falta? Viram o quê? Um lance não visto? Um incerteza? Uma ilusão de ótica? Um desejo acertado e necessário? Que espetáculo os dois donos do circo estavam afinal comandando? Suas pantomimas hipócritas? Ou um bolão de apostas escusas?

O circo do futebol brasileiro foi à lona e os mafiosos do circo, ou os donos do espetáculo, derrubaram o mastro central com sua soberba verbal.

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