terça-feira, 22 de setembro de 2015

Errar é humano!


Mauro Pandolfi

Casablanca. Cena da parte final do filme. Um militar entra no bar de Rick e diz ao comandante que não identificou o suspeito. O que fazer? perguntou. O comandante respondeu cinicamente: Prenda o suspeito de sempre!  No clássico Corinthians e Santos, domingo de manhã, a cena se repetiu como farsa. Sem saber quem cometeu o pênalti, imagino que o árbitro Flávio Rodrigues Guerra foi perguntar ao bandeirinha Rogério Pablos Zanardo quem deveria expulsar. Ele deve ter respondido o seguinte. 'Não vi. Expulsa o de sempre'. O árbitro pensou. 'O  Werley já foi para a rua. Então, vai o David Braz, mesmo'. E, assim foi feito. O 'erro humano' do juiz não interferiu no resultado do jogo, segundo os comentaristas. O segundo gol saiu aonde deveria estar David Braz. Azar do Santos!
Ética é um devaneio de poeta já decretou o filósofo do futebol Eurico Miranda. Foi um espetáculo de canalhice este jogo. O pênalti aconteceu . Chutaram a perna de Wagner Love. O árbitro disse que não viu quem cometeu a falta. Nem ele, nem o bandeirinha. Como marcaram? Por intuição? Por insolação? Por obrigação? O lateral Zeca ficou na moita, quieto, escapou da punição. Não ligou quando o companheiro foi expulso.  Típico malandro sem caráter. O jeitinho brasileiro de ser esperto. Comentaristas de arbitragens e jornalistas explicam o equívoco como 'erro humano'. Se há erro, cadê o pedido de desculpas? O alemão Knut Kircher reconheceu o erro ao marcar um pênalti a favor do Bayern contra o Augsburg. "Pedi desculpas aos dirigentes e jogadores. Infelizmente, não dá para devolver os pontos", afirmou o árbitro.
Após o jogo Flávio Guerra afirmou que expulsou David Braz por ofensas morais.  Quatro minutos entre o lance e a expulsão. Na manhã de segunda-feira, no programa Redação Sportv, divulgaram imagens que desmentem as declarações. O bandeirinha confirma que foi o David o autor do pênalti. Na súmula do jogo, lida por André Risek, Flávio Guerra reafirma a expulsão por ofensas. David Braz refuta a acusação. Ficou um jogo de palavras. Dois cínicos. Dois pequenos canalhas de um esporte cada vez mais mafioso, num país cada vez mais mafioso.
O árbitro é o déspota do jogo da bola. Manda e desmanda. Manipula os lances. Altera o ritmo, o resultado. É uma autoridade. E, como toda autoridade neste país, mente descaradamente. Não erra. Flávio Guerra apenas repetiu o poder. Negou o fato, ignorou a imagem. Mentiu! Está apto para se tornar um político. Além disto, foi desonesto na súmula. Manteve a sua falsa versão. Realmente, pronto para uma eleição.  Eu, um idiota ingênuo, estou em dúvida com a arbitragem brasileira: há mais 'acertos' ou erros humanos?

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