Mauro Pandolfi
"O que é a vida?"
Antônio Abujamra
Ele mira a bola.
Acaricia. Olha firmemente. Lança ao alto. Sobe rápida.
Desce lenta. Domina. O sorriso é irônico. Toca de calcanhar. Um drible
mágico. Sobe lenta.
Desce rápida. Controla. Os movimentos são rítmicos. Dança e balé.
Que fascínio exerce a bola? Qual é a ilusão que desperta este brinquedo
redondo? Cenas de Pelé ou de Maradona? Pode ser! Momentos de Messi ou
Neymar? Quem sabe? Cenas de um gênio. E que gênio! Charles Chaplin, em O Grande
Ditador, brincando com o globo. O globo que explode em suas mãos. A
bola é para a festa. Não para a guerra.
A
descoberta. Uma criança feliz brinca com a bola. Sorri! Segura firme em
suas pequenas mãos. Joga para o céu. Vibra com o primeiro salto. Bate
palmas no segundo pulo. Chora ao ver a bola correr rápida pela calçada,
indo embora. O sorriso retorna ao ter a bola em suas mãos. Vi estas cenas nos meus filhos. São todos pequeninos Carlitos.
Era um menino, era um moleque. A bola que rola macia, redonda, num
campinho improvisado, como arte, como diversão, pode ser o sonho, a
esperança de transformação. Vejam os mitos. Verifiquem suas origens.
"Tudo o que sou devo ao futebol". A frase é de Albert Camus. Poderia ser
de qualquer craque. A bola é um auxilio luxuoso. O legendário Alfredo
di Stefano sabia disto. Na sua casa havia um monumento à bola: "Gracias,
vieja!" .
A
bola pode ser uma metáfora da vida. É necessário ter a segurança de um
goleiro para não deixa-la escapar pelos dedos? É preciso a habilidade
para
driblar as traições, as dificuldades, as retrancas? Só uma boa tabela,
com bons companheiros, fazem da vida uma festa? O tempo vai revelar ao
menino os segredos da bola, o encanto da vida. Ele vai descobrir que as
incertezas e as dúvidas dão calor, alegria, ilusão a existência. Fuja
dos cheios de certezas, dos donos da verdade. É assim, também,
no futebol.
Eu
e a
bola. Parceira da infância, desejo de juventude, instrumento de
trabalho, objeto de prazer neste blog. No sofá da sala, a tevê é o meu
estádio, a bola é a companhia de um velho inquieto e curioso,
desesperado por um bom jogo. É ótimo vivenciar os versos rimados de
Messi. Ele é, atualmente, o meu escritor favorito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário