sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A bola

 Mauro Pandolfi

"O que é a vida?"
                        Antônio Abujamra

Ele mira a bola. Acaricia. Olha firmemente. Lança ao alto. Sobe rápida.  Desce lenta. Domina. O sorriso é irônico.  Toca de calcanhar. Um drible mágico. Sobe lenta. Desce rápida.  Controla. Os movimentos são rítmicos. Dança e balé.  Que fascínio exerce a bola? Qual é a ilusão que desperta este brinquedo redondo? Cenas de Pelé ou de Maradona? Pode ser! Momentos de Messi ou Neymar? Quem sabe? Cenas de um gênio. E que gênio! Charles Chaplin, em O Grande Ditador, brincando com o globo. O globo que explode em suas mãos.  A bola é para a festa. Não para a guerra.
A descoberta. Uma criança feliz brinca com a bola. Sorri! Segura firme em suas pequenas mãos. Joga para o céu. Vibra com o primeiro salto. Bate palmas no segundo pulo. Chora ao ver a bola correr rápida pela calçada, indo embora. O sorriso retorna ao ter a bola em suas mãos. Vi estas cenas nos meus filhos. São todos pequeninos Carlitos.
Era um menino, era um moleque. A bola que rola macia, redonda, num campinho improvisado, como arte, como diversão, pode ser o sonho, a esperança de transformação. Vejam os mitos. Verifiquem suas origens. "Tudo o que sou devo ao futebol". A frase é de Albert Camus. Poderia ser de qualquer craque. A bola é um auxilio luxuoso. O legendário Alfredo di Stefano sabia disto. Na sua casa havia um monumento à bola: "Gracias, vieja!" .
A bola pode ser uma metáfora da vida. É necessário ter a segurança de um goleiro para não deixa-la escapar pelos dedos? É preciso a habilidade para driblar as traições, as dificuldades, as retrancas? Só uma boa tabela, com bons companheiros, fazem da vida uma festa? O tempo vai revelar ao menino os segredos da bola, o encanto da vida. Ele vai descobrir que as incertezas e as dúvidas dão calor, alegria, ilusão a existência. Fuja dos cheios de certezas, dos donos da verdade. É assim, também, no futebol.
Eu e a bola. Parceira da infância, desejo de juventude, instrumento de trabalho, objeto de prazer neste blog. No sofá da sala, a tevê é o meu estádio, a bola é a companhia de um velho inquieto e curioso, desesperado por um bom jogo. É ótimo vivenciar os versos rimados de Messi. Ele é, atualmente, o meu escritor favorito.

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