Mauro Pandolfi
Um time de futebol em campo. Reparem em suas linhas. Percebam a
movimentação. Há algo de arte neste conjunto. Tudo planejado. Retas e
curvas. Um arquiteto desenhou isto. Há marcação no espaço. A
movimentação é coordenada. Um lado vai. O outro, fica. Há diálogos,
luzes e poesia. Cenas de um diretor de cinema. Acompanha de perto. Em cima. Orienta,
gesticula. Um professor. O suor, o grito, o desespero. O olhar atônito,
perplexo. O elogio e o xingamento. Um sargento sem farda. Todos em um
só. O treinador de futebol é um artífice. Um artesão de ideias,
movimentos, deslocamentos e invenção. O futebol é um jogo solitário,
desenvolvido pelo coletivo. Há tempos que deixou de ser onze contra
onze. É agora um duelo. De estilos, pensares, jeitos. O futebol é uma
disputa entre treinadores. Um contra um.
O
treinador é o personagem
que desperta a minha atenção durante o jogo. Largo a partida, deixo
fluir, e encaro o técnico. Presto atenção em seus gestos, atitudes e
ações. Como reagir ao cerco imposto pelo adversário? Como conseguiu
encaixotar o o oponente? Encanta-me a habilidade do técnico de
aproveitar melhor o talento de seus craques. Também, fico surpreso com a
capacidade de anular o talento de seus craques. Tão poderoso que torna o
jogador um submisso. Nem o craque o contesta. Sempre escuto as
entrevistas após os jogos. Ouço as explicações, as desculpas, as
justificativas, os pensares. São sempre vencedores.
Magos, mágico, aprendizes de feiticeiros. Como disse Oto Glória, lenda do futebol são "bestas e bestiais. Depende do jogo". Chamados de técnico e treinador. Há diferença ou é semântica? Para Eduardo Galeano, o sábio uruguaio do futebol, há e bem definida. "Treinador é o que deixa o jogo fluir, pensa o jogar. Técnico é o que trabalha o jogo, determina o jogo". Quem vocês preferem?
Magos, mágico, aprendizes de feiticeiros. Como disse Oto Glória, lenda do futebol são "bestas e bestiais. Depende do jogo". Chamados de técnico e treinador. Há diferença ou é semântica? Para Eduardo Galeano, o sábio uruguaio do futebol, há e bem definida. "Treinador é o que deixa o jogo fluir, pensa o jogar. Técnico é o que trabalha o jogo, determina o jogo". Quem vocês preferem?
A mão no queixo. Um pensador. Analisa o
movimento, a atuação, o cerco e a saída. Pep Guardiola é quem melhor
materializa o pensar do jogo. Seu time flui, flutua, ataca, defende com
uma estética irresistível. Habilidade, força, técnica, poder mental e
muita beleza. Guardiola é quem melhor decifra a emoção do futebol
atualmente. Tão moderno que resgata o antigo. Não como saudade. Sim,
como uma nova arma. Seus 'pontas' tem só a habilidade e a velocidades
dos velhos ponteiros. São algo mais. Tem a fúria do ataque, a precisão
dos meias e a segurança dos defensores. E, pensar que Guardiola se
ofereceu para treinar o Brasil. Mas, aqui a vanguarda do atraso é
insuperável.
Velhos mestres estão se aposentando. Alguns, por entender
que seu tempo terminou. Outros, estão sendo tirados a força de seu
conforto. Alguns resistem, adquirem um discurso moderno, atualizado, que
dura dois ou três jogos e vão sobrevivendo de clube em clube, divisão
em divisão até se perderem na estrada. Os mais espertos procuram lugares
poucos explorados. Lá, sobrevivem como mitos. E, o novo sempre vem. Há
Tite, nem tão novo, Marcelo Oliveira, Roger Machado, Milton Mendes,
Eduardo Batista, Dado Cavalcanti, Mabília, Fernando Diniz, Hémerson Maria, Léo Condé, entre outros
desconhecidos, pronto para serem descobertos. São histórias e conceitos
diferentes. Porém, serão eternamente fabricantes de paixões e emoções.
Pois, assim é o futebol.
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