Mauro
Pandolfi
O
futebol brasileiro está morto?!!! Não enterrado! Desfila nos gramados como um
zumbi. O 7 a 1 é o walking dead que tem a fúria da eternidade. Não é o
resultado mais dramático. A derrota de 50 ainda é a tragédia do teatro de grama
e paixão. A goleada alemã é apenas a humilhação que aniquila, gera medo e
revela toda incompetência e fracasso estrutural do futebol brasileiro.
Só
uma revolução salva o Brasil. Mas, quem acredita ainda em revolução? Os loucos,
os visionários, os idiotas, os sonhadores ou os donos do poder? Pelo extermínio
da cbf e das federações! Pep Guardiola já!!
A
eliminação na Copa América é a síntese do futebol anacrônico, obsoleto e
primário que assola o Brasil. A seleção de Dunga é um retrato na parede. E,
como dói! Sem força, desorganizada, burocrática, previsível. A camisa amarela é
uma assombração. Um espectro do temor que gerava. Agora é pálida feito a
equatoriana. Não há o mais o medo.
O
jogo visto por bilhões de pessoas desmistificou o mito que era só um mito. Os
grandes nomes pertencem ao passado. A maneira de jogar foi estudada, dissecada
e devorada em partes. Pouco sobrou do histórico futebol brasileiro. Não notamos
que o tempo voou. E, como Carolina, olhamos pela janela a transformação do futebol.
Na arrogância dos melhores, consideramos que eles apenas nos copiavam. Seriamos
sempre superiores. Eternamente mágicos. Únicos.
Dunga
é a visualização desta estrutura. Vaidoso e rancoroso. Um vencedor que nunca
tirou da alma a imagem do fracasso. Não superou a injusta fama da 'era Dunga'.
Ele é a cara da cbf. Não é um corrupto como ricardo teixeira ou del nero. Mas,
é identificado com eles. Dunga é o mais rodriguiano personagem do futebol
brasileiro atual. Trágico e melancólico.
O
futebol brasileiro está num labirinto. Não sabe a saída. Está perdido, sem
rumo. A estrutura é antiga, os métodos são do outro século. Bons jogadores
tornam-se inexpressivos nesta bagunça tática. Dunga é o mesmo treinador de
2010. Não evoluiu, não aprendeu, não buscou o novo. Repete a irritação, o
gestual, as mesmas soluções. Porém, nem tudo está perdido, Galvão Bueno pediu
Kaká. Ronaldinho Gaúcho está voltando. Logo, logo, algum comentarista esportivo
exigirá a convocação para a seleção. Galvão é um candidato. Pode ser qualquer
outro. Sabe como é! São mitos.
"A
pior geração da história". A afirmação é de Walter Casagrande. O ex-craque
do Ascoli foi um figurante de luxo nos tempos de Sócrates, Falcão e Zico. Em
alguns jogos da seleção, Casagrande foi ironizado pela imprensa. Tosco era o
adjetivo mais ameno que ouviu. Safra ou geração é uma bela desculpa usada nas
derrotas. A mitologia entra em cena. Nomes são lembrados, declamados feito
poesia. Feitos recontados, histórias revistas, algumas, como farsas. A histeria
tira muito da lucidez da análise. Ninguém presta nas derrotas. Beiram a
genialidade com troféu.
Os
jogadores desta seleção estão na escala dos bondes, desprezíveis e que ocupam
indevidamente os lugares dos craques. Usurpadores! Craques de 70 estiveram
nesta situação em 74. A derrota é o segundo esporte favorito deste país. 'Os
bichos, os demônios, as frustrações' explodem numa catarse absurda. O principal
esporte é a vitória. Aí, somos o que é o vencedor. Surfista, tenista, lutador
de ufc, ginasta. Ainda bem que a corrida de saco não é oficial.
Os
jogadores desta seleção não são tão comuns. São destaques em seus clubes.
Neymar é a estrela da companhia. Há candidatos a ídolos. Como não reconhecer
talento em Philippe Coutinho, Roberto Firmino e Douglas Costa? Foram pífios,
pouco mais que medíocres. Mas, marcar no lombo deles o fracasso é um exagero.
Sábio
era o Rivelino. Sempre fugiu da cobrança de pênalti. Estes jogadores saíram
cedo, jovens demais do Brasil. Estão em formação. Hoje em dia, é preferível a
maturidade na Europa. Lá joga-se um futebol mais competitivo, intenso e
criativo. Só o tempo e o vento moldam talento, personalidade, têmpera. Mas, o
tempo é só uma ficção para um crítico azedo de futebol. E o vento é só uma
situação climática que atrapalha a praia.
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