segunda-feira, 29 de junho de 2015

Walking dead Brasil

Mauro Pandolfi

O futebol brasileiro está morto?!!! Não enterrado! Desfila nos gramados como um zumbi. O 7 a 1 é o walking dead que tem a fúria da eternidade. Não é o resultado mais dramático. A derrota de 50 ainda é a tragédia do teatro de grama e paixão. A goleada alemã é apenas a humilhação que aniquila, gera medo e revela toda incompetência e fracasso estrutural do futebol brasileiro.

Só uma revolução salva o Brasil. Mas, quem acredita ainda em revolução? Os loucos, os visionários, os idiotas, os sonhadores ou os donos do poder? Pelo extermínio da cbf e das federações! Pep Guardiola já!!

A eliminação na Copa América é a síntese do futebol anacrônico, obsoleto e primário que assola o Brasil. A seleção de Dunga é um retrato na parede. E, como dói! Sem força, desorganizada, burocrática, previsível. A camisa amarela é uma assombração. Um espectro do temor que gerava. Agora é pálida feito a equatoriana. Não há o mais o medo.

O jogo visto por bilhões de pessoas desmistificou o mito que era só um mito. Os grandes nomes pertencem ao passado. A maneira de jogar foi estudada, dissecada e devorada em partes. Pouco sobrou do histórico futebol brasileiro. Não notamos que o tempo voou. E, como Carolina, olhamos pela janela a transformação do futebol. Na arrogância dos melhores, consideramos que eles apenas nos copiavam. Seriamos sempre superiores. Eternamente mágicos. Únicos.

Dunga é a visualização desta estrutura. Vaidoso e rancoroso. Um vencedor que nunca tirou da alma a imagem do fracasso. Não superou a injusta fama da 'era Dunga'. Ele é a cara da cbf. Não é um corrupto como ricardo teixeira ou del nero. Mas, é identificado com eles. Dunga é o mais rodriguiano personagem do futebol brasileiro atual. Trágico e melancólico.

O futebol brasileiro está num labirinto. Não sabe a saída. Está perdido, sem rumo. A estrutura é antiga, os métodos são do outro século. Bons jogadores tornam-se inexpressivos nesta bagunça tática. Dunga é o mesmo treinador de 2010. Não evoluiu, não aprendeu, não buscou o novo. Repete a irritação, o gestual, as mesmas soluções. Porém, nem tudo está perdido, Galvão Bueno pediu Kaká. Ronaldinho Gaúcho está voltando. Logo, logo, algum comentarista esportivo exigirá a convocação para a seleção. Galvão é um candidato. Pode ser qualquer outro. Sabe como é! São mitos.

"A pior geração da história". A afirmação é de Walter Casagrande. O ex-craque do Ascoli foi um figurante de luxo nos tempos de Sócrates, Falcão e Zico. Em alguns jogos da seleção, Casagrande foi ironizado pela imprensa. Tosco era o adjetivo mais ameno que ouviu. Safra ou geração é uma bela desculpa usada nas derrotas. A mitologia entra em cena. Nomes são lembrados, declamados feito poesia. Feitos recontados, histórias revistas, algumas, como farsas. A histeria tira muito da lucidez da análise. Ninguém presta nas derrotas. Beiram a genialidade com troféu.

Os jogadores desta seleção estão na escala dos bondes, desprezíveis e que ocupam indevidamente os lugares dos craques. Usurpadores! Craques de 70 estiveram nesta situação em 74. A derrota é o segundo esporte favorito deste país. 'Os bichos, os demônios, as frustrações' explodem numa catarse absurda. O principal esporte é a vitória. Aí, somos o que é o vencedor. Surfista, tenista, lutador de ufc, ginasta. Ainda bem que a corrida de saco não é oficial.

Os jogadores desta seleção não são tão comuns. São destaques em seus clubes. Neymar é a estrela da companhia. Há candidatos a ídolos. Como não reconhecer talento em Philippe Coutinho, Roberto Firmino e Douglas Costa? Foram pífios, pouco mais que medíocres. Mas, marcar no lombo deles o fracasso é um exagero.


Sábio era o Rivelino. Sempre fugiu da cobrança de pênalti. Estes jogadores saíram cedo, jovens demais do Brasil. Estão em formação. Hoje em dia, é preferível a maturidade na Europa. Lá joga-se um futebol mais competitivo, intenso e criativo. Só o tempo e o vento moldam talento, personalidade, têmpera. Mas, o tempo é só uma ficção para um crítico azedo de futebol. E o vento é só uma situação climática que atrapalha a praia.

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