Mauro
Pandolfi
"Não
sois máquinas. Sois homens"
O
belo discurso de Charles Chaplin em O Grande Ditador
Neymar
é um dos grandes. Faltava pouco. Quase nada. Aconteceu. O batismo de fogo do
jovem Neymar. Ele entrou no panteão do futebol brasileiro. Após a partida
contra Colômbia, ele foi canonizado pela inquisição que a derrota do Brasil
provoca. Sentiu na alma a dor da dúvida do talento, a crueldade da humilhação e
a vergonha de ser um perdedor.
O
rei Pelé foi acusado de acabado e cego. O mesmo serviu para Tostão. Gérson era
covarde. Rivelino teve mais sorte. Só o acusaram de amarelar. Zico era o craque
abstrato do Maracanã. Sócrates só queria uma cerveja. Nem Falcão escapou. Era
frágil e o treinador preferiu o 'duro' Chicão na Copa da Argentina. O quarteto
de 'erres' foi estocado de diversas formas. Romário, boêmio. Ronaldo, gordo.
Rivaldo, bronco. Ronaldinho Gaúcho, foca amestrada. Neymar, finalmente,
entendeu a idolatria. Bem vindo ao clube!
Neymar
é um homem em formação. Tem 23 anos e vive como um jovem de sua idade. Adora
festas, baladas, luxo, mulheres bonitas, diversão. É um milionário que não sabe
o quanto vale. Seu pai sabe. O velho vigarista colocou o filho em má situação.
A obsessão pelo enriquecimento rápido pode virar cadeia. E, Neymar, como todo
garoto que idolatra o pai, sofre.
A
pressão de ver o pai em apuros mexeu com o lado emocional. Gritou, xingou,
bateu, apanhou e foi expulso. Uma expulsão tola, boba, típica de alguém em
desequilíbrio. Falta gente inteligente, hábil, centrada e consciente na
comissão técnica da seleção.
Neymar
é um jogador em transformação. Quase pronto. Um instante e será do mesmo
patamar de Messi. Neymar reinventou o Santos. O belo time que ganhou a Copa do
Brasil e a Libertadores tem a sua genialidade. Reparem o time. Quase todos
craques. Ganso, André, Adriano, Arouca. Nomes para a seleção. A ótima equipe
foi desmontada aos poucos. Neymar foi brilhar ao lado de Messi. E, outros?
Arouca virou só uma lembrança. Ganso não cumpriu a promessa. André e Adriano se
perderam nos bares da vida e nos bancos de reservas. O brilho de Neymar
refletia em todos. Isolados, eram pouco mais que nada.
Neymar
não ficará pronto nunca. Ninguém fica. Veterano ou jovem, a alma, os reflexos,
os sentimentos não se medem e, não sei, se é possível controlá-lo. Zidane que o
diga. Neymar é a ponta mais aguda do tridente da Catalunha. Não é um qualquer.
Se a companhia de Messi, Iniesta, Suarez criam um candidato a gênio, entreguem
a camisa a Pedro. Será que um torcedor culé concordaria? Eu não me arrisco a
perguntar.
Neymar
é um jogador de playstation. Perfeito! Seria estranho se fosse de jogo de
botão. O futebol do playstation é o jogo sonhado, idealizado, desejado pelos
românticos. Há asas poéticas em todos os jogadores. Há gols nunca visto.
Dribles que nem Garrincha imaginou. A bola batida é mais que uma folha seca de
Didi. O futebol do playstation é total.
Eu
sei disto! Levei, certa vez, uma goleada do meu filho Pedro. Ele tinha pouco
mais de oito anos. Driblou o time inteiro. Ia e voltava. Chapéus longos e
curto. Na frente do gol, ergueu a bola. E, virou uma bicicleta fantástica.
Virei fã do futebol de playstation. Nunca fiz um gol destes. Nem joguei mais
botão. É sem graça, parado, chato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário