sexta-feira, 19 de junho de 2015

Entre a palheta e o joystick

Chiko Kuneski

Interessante a imagem confrontando o Playstation e futebol de botão feita por Mauro Pandolfi em sua pertinente crônica. Concordo. No computador a imitação do tridimensional é mais empolgante. O craque do time é uma marionete controlada pelos ágeis dedos sonhadores que comandam o joystick. Basta apenas um jogador programado com o que há de melhor no jogo e a destreza de dedos. Ás vezes a destreza intuitiva de uma criança.

No botão o jogo é tático. Distribuído. Pensado. Imaginado como um xadrez de 22 peças. O dono da palheta é um estudioso dos movimentos do adversário, da distribuição das peças, do conjunto de ações e opções de movimentos. O botão tem a monotonia esquemática. O jogo de computador a dinâmica individual.

No Playstation, se o placar for de 7x1 para o adversário, basta jogar de novo. Entender os erros. Aperfeiçoar a destreza dos dedos e, por consequência, do craque. Se voltar a perder por 1x0. Tudo pode ser repetido. Repetido e repetido.

O craque do Playstation é uma espécie de Pinóquio de Gepeto. Exímio dançarino. Divertido. Perfeito na execução dos movimentos mágicos dos pés; mas não é humano. É o boneco antes da fada madrinha da fama. Como não têm emoções elas não o afetam.


No futebol real, o Pinóquio passa a ser o “menino” humano. Ungido pela fada madrinha; às vezes madrasta. Ainda é um exímio dançarino, um mágico dos pés, mas o nariz cresce quando mente. Diferente do Playstation, falarão mais do seu nariz e menos da dança dos seus dribles. Das suas chuteiras com asas. 

Esse é o ônus. Sem estar preparado, tornar-se humano. Com o perigo de transformar-se numa marionete humana.
    

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