sexta-feira, 26 de junho de 2015

Dunga e a úlcera nacional

Chiko Kuneski

"Eu até acho que eu sou afrodescendente de tanto que apanhei e gosto de apanhar".
Frase do técnico Dunga em coletiva no dia 26/6/15

Em 2014, o lateral direito Daniel Alves, convocado por Dunga ou pelos patrocinadores da Seleção, isso nunca se sabe, virou mártir mundial da luta contra o racismo no futebol. O lateral esquerdo Marcelo, também da Seleção, insurgiu-se por injúrias raciais, assim como o goleiro Aranha, do Santos, xingado de “macaco”. Os três usados como exemplos são afrodescendentes, mas não gostaram e não gostam de apanhar.

Dunga é descendente de europeus e está mais para feitor, que bate alegando que “gostam de apanhar”, como pai agride filho, marido agride mulher. Mas ele não está sozinho na raiva ulceral que toma conta dos criticados no Brasil.

Está virando conceito, um conceito perigoso, entre os que ocupam posição de liderança no país tergiversar quando se sentem acuados por suas próprias incompetências, tentando usar frases de efeito. A presidente Dilma declarou à imprensa americana que vê “preconceito sexual” ao ser é chamada de incompetente. O adjetivo não se aplica a mulher Dilma, mas ao seu governo e esse não tem gênero. A presidente quer que a chamem de “incompetenta”?

Como Dunga, a mandatária não suporta críticas. Aliás, no Brasil está se tornando perigoso fazer críticas, pois se as fazemos somos “raivosos”. Discordar é sofrer de raiva crônica. Mas a raiva está no criticado. É como uma úlcera. Surge da falta de capacidade de digerir as dificuldades com inteligência e competência e vai corroendo cada vez mais essa capacidade. O que sofre da úlcera de caráter vive de mau humor. É um doente crônico.

Nessa sua longa doença, mesmo com a ferida curada, parece que a cicatriz dói mais que a ferida. É o caso de Dunga e de Dilma. Consideram-se sempre perseguidos, incompreendidos, vítimas dos intolerantes. Até o sucesso incomoda. Como a dor de úlcera que ficou no subconsciente, têm sempre que lembrar todos que a tiveram. São rancorosos. São amargos. São zangados.

Dilma alegou sofrer de “preconceito sexual”. Dunga se julgou perseguido, respondendo com uma frase preconceituosa. Ulcerosas, nossas pseudo lideranças permitem que suas úlceras vomitem impropérios raivosos. Agridam toda uma Nação com sua dor mais íntima, suas manias de perseguição, que, como úlceras, parecem nunca cicatrizar. Demonstram sua total incapacidade de liderar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário