Chiko Kuneski
“O futebol é um jogo de
olhares”. Acho uma determinante frase de Mauro Pandolfi. Meus olhares para o
Figueirense são lacrimejantes. Não de torcedor derrotado; de torcedor
angustiado. Não existe nada pior para um torcedor do que estar angustiado.
Brabo, irritado, nervoso, irado passa no jogo seguinte. Há sempre a esperança.
A esperança se foi. O
time virou apenas um grande entreposto comercial de jogadores. Virou um mercado
de compra e venda. De exposição. Em seis meses de futebol o Figueirense não
repetiu uma vez a mesma escalação. Tem que rodar e expor. Tem que mostrar. Tem
que manter os jogadores dos empresários em atividade. Tem que comprar e vender.
O Figueira virou o mercantilismo futebolístico.
Em seis meses deste ano
são 31 contrações de jogadores. Compra. Venda. Venda. Compra. Mercado do nada.
Mercado de corpos. Mercado de empresários incompetentes que vivem do fracasso
para seu sucesso.
A fiel torcida está
execrada. Subjugada às negociatas. A vitrine de horrores com a troca de
manequins. No final dos jogos no estádio a ordem é tocar o hino amplificado calando as vaias e apupos. A torcida é
desrespeitada. Não há mais escudo. Não há mais paixão. Há interesses
mercantilistas da compra e venda de jogadores. A história está sendo
enxovalhada por interesses. O torcedor, angustiado, nem mais voz tem.
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