domingo, 30 de abril de 2017

Paralelas

Chiko Kuneski

“Estava mais angustiado que um goleiro na hora do Gol”
                                                                                      Belchior

Pode existir um sentimento que traduza melhor o futebol, como diz Mauro Pandolfi “um teatro de grama e paixão”, que angústia? Faz parte de qualquer jogo. O futebol é a grande “divina comédia humana”. É desejo. É emoção. É sofrimento. É vibração. É angústia e efusão.
São as paralelas do espetáculo, no palco e na plateia. No campo e na arquibancada. Torcer por um time é como escolher o amor de toda uma vida. Acontecem as desavenças, os destemperos, o “nunca mais quero te ver”, que dura até a próxima partida. Ou até o replay gravado, afogado num copo.

Futebol é amor alimentando pela paixão revigorada em cada jogo. Em cada nova expectativa de gritar: “amo esse time”. É a fossa mais curtida. A dor mais sentida. O motivo. Desconfie do torcedor que reclama do time a cada derrota. Não é um apaixonado. É um enganador que apenas deseja saborear o gozo. Como o falso amante.
São essas paralelas, angústia e vibração, que tornam o futebol único e  o time escolhido, normalmente na infância, o amor perfeito de toda uma vida. Uma paixão que nunca será esquecida nem substituída. Para o verdadeiro torcedor, como um beijo na boca com um sabor que nenhum outro beijo repete.

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