Mauro Pandolfi
O
gol é o futebol. Por instantes, breve instante, a tevê esqueceu do gol.
Não mostrou Chiellini, o autor. Ignorou a comemoração. Abandonou a
festa da torcida italiana. Procurou, encontrou o mito. Seguiu, por
segundos, Lionel Messi. A dura caminhada após o terceiro gol da
Juventus. Lento, cabisbaixo, perdido. A cabeça curvada, as mãos
encobrindo o rosto, desolado. Desoladora e bela imagem do fantástico
espetáculo que é o futebol. Não foi a derrota de uma partida. É uma
sensação de que o extraordinário jogo do Barcelona está virando
saudades. Diria que é um poster na parede do quarto. Nestes tempos
líquidos está guardado nas 'nuvem', pertinho da eternidade, ao lado de
um certo Santos.
Entendi
a queda de Bauza. Entendi o sufoco argentino. Apostar em Lavezzi,
Aguero, Higuain e esquecer Paulo Dybala é provocar o acaso, o erro, o
engano, irritar os 'deuses' da bola. Dybala desmontou o frágil esquema
de marcação catalã. Com Mascherano fora do lugar, um volante perdido,
sem saída de bola, a Juventus usou a velocidade e decidiu o jogo em
menos de 25 minutos. Depois, a Juve mostrou que é italiana de 'raiz'. O
catenaccio neutralizou a movimentação do Barcelona, que ficou enredada
nas linhas defensivas, sem espaço, sem imaginação. A retranca ainda é
uma arma quente no século 21. Tem outro nome, estilizada em números, em
uma releitura tática moderna, geométrica de ocupação de espaço. Mas,
aquele povo na frente da área, dando bico, afastando a bola, é mesmo
uma retranca. Às vezes, dá certo.
Não
parecia o Barça. O jogo não fluía, a bola escapava apressada.
Desconecto, perdido, sem rumo. Um time estanque. Neymar como um velho
ponta esquerda era facilmente neutralizado por Daniel Alves. ChIko
Kuneski deve ter gostado do lateral brasileiro. Anulou o craque.. Suarez
parecia intimidado pela presença de Chiellini. A mordida era lembrada
quase todo o tempo. Desarmado, sempre. Iniesta foi pálido. Inexistiu
assim como Messi. Ele vagava pelo campo a procura de um lugar, de uma
alternativa, de uma solução. Que não veio! O Barcelona resignou-se.
Aceitou a derrota. O futebol é assim. Um maravilhoso teatro de grama e
paixão. Um jogo que lembrou o crepúsculo dos deuses.
O
Barcelona busca o milagre que já veio uma vez. Tenta se reinventar.
Torce por uma outra atuação memorável de Neymar. Que Suarez retome a
ferocidade, Iniesta encontre os seus pensares lúcidos. Porém, não é um
time francês, de novos ricos, o adversário. È um italiano, de mesmo
tamanho, de história idêntica, de camisa enorme, de títulos importantes.
Se Lionel for Messi, nem que seja pela última vez, aposto no Barcelona.
É só um desejo, um sonho de quem não acredita em sonhos, de um torcedor
apaixonado.
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