sábado, 31 de outubro de 2015

Aí...doeu!

Chiko Kuneski

Será que doeu? Deve ter doído. Pancada dói. Desde a infância. O choro é livre. Liberta a dor. O choro penaliza. O grito aterroriza. A contorção emotiva. Junte cara de dor, grito de dor com movimento de dor. A cena do teatro realiza.

Parece infantil. É infantil. A pantomima remete ao infantil. O logro da dor fingida é infantilismo.

O futebol deveria ser adulto. É a reinvenção da batalha campal. Sem mortes. É disputa de espaço. É a tática de movimentação. É opor corpo no corpo a corpo. É o esquivo inimaginário. O drible. A vitória sem armas. A defesa fundamental do escudo carregado no peito. Da conquista que leva à honra. No campo não cabe dores imaginárias e infantilizadas para enganar.

No Brasil o engano virou defesa. Enganar é justificar o erro. Voltamos a ser crianças sem conceitos morais e éticos. Ao logro tudo é permitido. Caia, chore, finja, se contorça, engane. Grite! Sua dor é paralisante do real. Que venha a ajuda da “água mágica” e fundamental. Teatralize.

Real parece ter virado mera fantasia a ser discutida. Atualmente tentam fazer dele algo a ser “desrealizado” na mentira. A pantomima virou moeda nacional. Também usada nas teatrais dores não sentidas, teatralizadas por canastrões contorcionistas que estão matando o real do nosso futebol. Real virou imaginário. 

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