Chiko Kuneski
Será que doeu? Deve ter
doído. Pancada dói. Desde a infância. O choro é livre. Liberta a dor. O choro
penaliza. O grito aterroriza. A contorção emotiva. Junte cara de dor, grito de
dor com movimento de dor. A cena do teatro realiza.
Parece infantil. É infantil.
A pantomima remete ao infantil. O logro da dor fingida é infantilismo.
O futebol deveria ser
adulto. É a reinvenção da batalha campal. Sem mortes. É disputa de espaço. É a tática
de movimentação. É opor corpo no corpo a corpo. É o esquivo inimaginário. O
drible. A vitória sem armas. A defesa fundamental do escudo carregado no peito. Da conquista que leva à honra. No campo
não cabe dores imaginárias e infantilizadas para enganar.
No Brasil o engano
virou defesa. Enganar é justificar o erro. Voltamos a ser crianças sem conceitos
morais e éticos. Ao logro tudo é permitido. Caia, chore, finja, se contorça,
engane. Grite! Sua dor é paralisante do real. Que venha a ajuda da “água mágica” e fundamental. Teatralize.
Real parece ter virado
mera fantasia a ser discutida. Atualmente tentam fazer dele algo a ser “desrealizado”
na mentira. A pantomima virou moeda nacional. Também usada nas teatrais dores
não sentidas, teatralizadas por canastrões contorcionistas que estão matando o
real do nosso futebol. Real virou imaginário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário