"A
primeira função do maestro é indicar a pulsação da música e a mais
importante das funções que é fazer música com os seus músicos".
A definição do maestro Sérgio Bernal é a mais perfeita definição de Luca Modric. Ele rege o seu time.
Mauro Pandolfi
Quando
vejo Luca Modric jogar lembro dos velhos comentaristas de rádio que
sempre chamavam o craque do time de maestro. Modric rege o time.
Controla os movimentos e as ações. Ora, acelera. Também, cadencia. Ele é
a lucidez e a inspiração. Flutua em um espaço percebido só por ele.
Tem o tempo exato da jogada. Não há excesso em seu jogo. Pode ser o
passe
preciso ou o chute certeiro. Tem sido assim nesta Copa. Modric é a alma
de sua equipe. Não espera a bola chegar até ele como o velho camisa dez.
Ele procura,
encontra, cria e finaliza o lance. É o 'guerreiro' que provoca a luta
dos companheiros. A Croácia é a melhor seleção da Copa. Tipico time
moderno. Organizado, rápido, boa marcação, um ataque demolidor, prático.
Tem tudo
para chegar na final. Basta não tremer.
Neymar
tem o drible seco em velocidade. Messi é o poeta do futebol. Cada lance é
um verso que deve ser repetido pela beleza. Cristiano Ronaldo é a
tradução perfeita de um artilheiro. De Bruyne parece muito com Modric.
E, qual é a essência de Modric? A inteligência, o jogo, o passe feito
uma crônica! O cérebro de Modric tem a forma de bola ou há ramificações
em seus pés! Lúcido, criativo, dínamo da equipe. Parece ser tão
diferente, inalcansável. O corpo pequeno percorre todo o campo. Está
sempre livre para receber a bola, dar passe, correr para receber de
novo, fazer o drible, dançar com o adversário e transformar, num chute
certeiro, a jogada em gol. O segundo gol contra a Argentina foi assim.
Luca
Modric, 33 anos, baixinho - é maior que Messi -, é o mais completo
jogador de meio-campo neste momento. Contra o Grêmio, na final do
Mundial, controlou o jogo, determinou o ritmo e confirmou que de
coadjuvante não tem nada. Cristiano Ronaldo é a estrela. Kroos, o pulmão
e o Sérigo Ramos... deixa prá lá! O jornalista português Freitas Lobo
já definiu Modric assim: "Sabe dar cada toque, cada passo, cada passe e
sabe como se deve pisar num relvado e tratar uma bola. Com sabedoria
tática e carícia técnica".
A vida foi
díficil para Luca Modric. Aliás, há tantas histórias belíssimas de
superação, de resistência nesta Copa. Vale a pena descobrir. Teve que
abandonar, aos seis anos, sua casa, sua terra, foi refugiado e perdeu o
avó em consequência da guerra. O futebol o salvou. Saiu do Dínamo de
Zagreb para o Tottenham e daí para o Real Madrid. Já foi chamado de
Cruyff dos Balcãs. Nada mais do que perfeito. O campo é redondo para
Modric. Ele gosta da bola, do movimento, do gol, do passe. A explicação
para seu jogo é intensa e singela: 'quem sobrevive numa Liga na Bósnia,
pode ser jogador em qualquer parte'. Tão verdadeiro, tão real, Luca
Modric é o meu craque nesta Copa. Só perde o título, se Neymar, Messi,
Cristiano Ronaldo, De Bruyne desfilarem com a taça, com a artilharia ou
transformarem seus times em esquadrão, o que Modric faz com a Croácia.
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