"Quantas chances desperdicei, quando o que eu mais queria era provar para
todo o mundo que eu não precisava provar nada para ninguém"
O
belo verso de Renato Russo parece escrito para Lionel Messi. O seu jogo
não precisa de uma Copa do Mundo. A taça é apenas um troféu, nada mais.
Mauro Pandolfi
O
olhar de Lionel Messi me impressiona. Parece perdido, alheio. Olha
para um horizonte distante procurando uma saída ou solução. Um olhar que
se modifica numa cobrança de falta. Ali, é centrado, feito mira,
compenetrado. Nada o distrai. Messi é o craque com olhares mais
intrigantes que vi. Aéreo feito Garrincha. De águia, como Pelé.
Melancólico, como Diego Maradona. Vi este olhar, outra vez, numa foto
esta
semana durante um treino da Argentina. Jorge Sampaoli conversava com os
jogadores. Seus gestos indicavam uma jogada, um posicionamento ou um
lance. Todos prestavam atenção ao 'chefe'. Olhares fixos. Todos, menos
um! Lionel Messi. Não prestava atenção. Olhava o nada. Sabe o que
precisa fazer para levar a Argentina ao título. Tudo! A Argentina é ele e
mais nada. A Copa da Rússia é a última chance para erguer a taça, dar
volta olímpica e ser reconhecido como o maior de todos. Ou, no mínimo,
do mesmo tamanho de Pelé e Maradona.
Não
vou torcer para a Argentina. Vou torcer para Messi. Ele merece o
título. Ninguém joga tão bem o futebol como ele. Tem a magia, a poesia, o
encantamento de um menino com a bola. É um prazer vê-lo brincar a
bola. E, eu que detesto a expressão 'futebol arte', uso para definí-lo.
Lionel Messi é um artista. Um Picasso em seu gols plásticos que deveriam
ser 'pendurados' nas paredes de um museu. Seus dribles tem o compasso, a
elegância, a virulência de um samba de Paulinho da Viola. Ou, como é
argentino, a cadência de um tango moderno de Astor Piazolla. Messi é o
melhor herdeiro de Pelé. Tão completo como o Rei. Tão majestoso. Ou,
como diria o velho compositor baiano, 'a sua melhor tradução'. Messi
merece ser campeão do Mundo.
Como
Messi entrará na história? Feito Pelé e Maradona? Mitos e sinônimos de
futebol? Como um Romário e Garrincha, homens capazes de ganhar um título
quase solitariamente? Ou, como Cruyff, Puskas, Zico, Platini?
'Derrotados'! Porém, mais vencedores que os medíocres que carregam nos
seus currículos um título mundial. Seus os 'deuses do futebol' tiverem
compaixão, Lionel Messi será coroado o gênio maior da bola. Afinal,
ganhar com aquele time ruim da Argentina ao seu redor é obra de um
milagre. E, que aconteça o milagre!
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