sábado, 9 de junho de 2018

A última...

 

"Quantas chances desperdicei, quando o que eu mais queria era provar para todo o mundo que eu não precisava provar nada para ninguém"
O belo verso de Renato Russo parece escrito para Lionel Messi. O seu jogo não precisa de uma Copa do Mundo. A taça é apenas um troféu, nada mais.

Mauro Pandolfi

O olhar de Lionel Messi me impressiona. Parece perdido, alheio. Olha para um horizonte distante procurando uma saída ou solução. Um olhar que se modifica numa cobrança de falta. Ali, é centrado, feito mira, compenetrado. Nada o distrai. Messi é o craque com olhares mais intrigantes que vi. Aéreo feito Garrincha. De águia, como Pelé. Melancólico, como Diego Maradona. Vi este olhar, outra vez, numa foto esta semana durante um treino da Argentina. Jorge Sampaoli conversava com os jogadores. Seus gestos indicavam uma jogada, um posicionamento ou um lance. Todos prestavam atenção ao 'chefe'. Olhares fixos. Todos, menos um! Lionel Messi. Não prestava atenção. Olhava o nada. Sabe o que precisa fazer para levar a Argentina ao título. Tudo! A Argentina é ele e mais nada. A Copa da Rússia é a última chance para erguer a taça, dar volta olímpica e ser reconhecido como o maior de todos. Ou, no mínimo, do mesmo tamanho de Pelé e Maradona.
Não vou torcer para a Argentina. Vou torcer para Messi. Ele merece o título. Ninguém joga tão bem o futebol como ele. Tem a magia, a poesia, o encantamento de um menino com a bola. É um prazer vê-lo brincar a bola. E, eu que detesto a expressão 'futebol arte', uso para definí-lo. Lionel Messi é um artista. Um Picasso em seu gols plásticos que deveriam ser 'pendurados' nas paredes de um museu. Seus dribles tem o compasso, a elegância, a virulência de um samba de Paulinho da Viola. Ou, como é argentino, a cadência de um tango moderno de Astor Piazolla. Messi é o melhor herdeiro de Pelé. Tão completo como o Rei. Tão majestoso. Ou, como diria o velho compositor baiano, 'a sua melhor tradução'. Messi merece ser campeão do Mundo.
Como Messi entrará na história? Feito Pelé e Maradona? Mitos e sinônimos de futebol? Como um Romário e Garrincha, homens capazes de ganhar um título quase solitariamente? Ou, como Cruyff, Puskas, Zico, Platini? 'Derrotados'! Porém, mais vencedores que os medíocres que carregam nos seus currículos um título mundial. Seus os 'deuses do futebol' tiverem compaixão, Lionel Messi será coroado o gênio maior da bola. Afinal, ganhar com aquele time ruim da Argentina ao seu redor é obra de um milagre. E, que  aconteça o milagre!

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