quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Não há razão senão o Figueirense

"Você que ama o passado e não vê que o novo sempre vem" , como escreveu Belchior. Eu Tento ver. O novo. O novo torcedor. A nova paixão. O novo talento nesse texto do meu sobrinho e afilhado...

Matheus Teixeira


Não há razão senão o futebol. E não o bom futebol, dos gigantes clubes, dos milionários clubes, do “gourmet” futebol. Eu digo: não há razão senão o futebol. Sentado na arquibanda, ainda de concreto, sem cadeiras, neste estádio que deve caber no máximo dos máximos cinco mil pessoas, levantado no longínquo ano de 1931, que pertence a um clube não mais profissional, assistindo a um jogo de qualidade duvidosa, ouvindo o grito ensurdecedor do vendedor de pipocas e cachorros-quentes, comendo (também de procedência duvidosa) churrasquinho de gato, torcedores em pé, presos à grade que protege o campo, um homem assistindo à partida de cima de um hotel com uma cadeira no telhado, torcedores xingando árbitros (aquela velha paixão irracional de um torcedor: não importa se o juiz acertou!), homens e mulheres assistindo a dois times pequenos para o gigantesco Brasil e o que mais pode acontecer: há sempre, ao menos, cinco torcedores do time adversário vibrando e cantando. Não há razão senão o futebol. Não precisamos de Messis e nem de Cristianos. Gostamos também de xingar os jogadores – afinal, o time amador da Guabiruba joga melhor que esse time! Grita um e eu não duvido.
            E não. Não é uma critica ao bom futebol. Jamais será uma crítica o bom futebol. O bom futebol é necessário. Ainda assim, numa hipotética visita a Madrid, preferia assistir a uma partida do Rayo Vallecano, no bairro de Vallecas, a assistir a qualquer partida dos dois gigantes madrilenhos. Gosto de sentir o clima dos clubes pequenos, que pouco ou nada tem de títulos nos cenários nacionais e continentais. Talvez mesmo por isso tenha escolhido ser Figueirense. Um grande catarinense para um pequeno no Brasil e na América. E talvez seja mesmo sofrível assistir ao Figueirense – mas não há razão senão o Figueirense. Que me importa Barcelonas, Reais Madrids, Bayerns, Borussias?! Prefiro ver assistir a uma partida num estádio levantando em 1931 que cabe no máximo cinco mil pessoas para assistir a dois times de qualidades duvidosas a parar em frente à TV para assistir uma final de Liga dos Campeões. Duvidam que eu o faria? Eu veria até o Barra! Eu escolheria até Tabajara contra o Íbis. Isso se o Figueirense não estivesse jogando no mesmo horário. Afinal, não há razão senão o Figueirense.


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