Chiko Kuneski
O politicamente correto
é chato. É ranzinza até na juventude. Talvez já tenha nascido cheio de idiossincrasia.
É tão radical quanto o objetivo que diz combater. É impositor. É um “aceite-me;
ou te processo”. Não deixa nem a outra máxima do “ame-o ou deixe-o”. Não
permite diálogo. É monólogo de si para si. É o espelho de Narciso.
Como Narciso, toda a
sociedade tem que venerá-lo. Em todos os setores. O politicamente correto é uma ditadura do
conceito, ou dos conceitos. Um destruidor dos indivíduos e suas
individualidades. É a forma que deforma o eu.
Essa política
impositora chegou ao futebol. O jogador que faz o gol não pode mais nada na
hora de extravasar a energia da comemoração. Não pode fazer gestos. Não pode
correr para torcidas. Não pode por os dedos na orelha pendido aplauso, não pode
por o dedo nos lábios pedindo silêcio. Não pode provocar por mera peraltice de
alegria. A alegria do gol não pode mais ser criança.
Não pode porque não é
politicamente correto. É punido. Afinal o arbitro é o zelador do politicamente
correto. O futebol tem que ser chato. Sem provocações. Sem brincadeiras. Tem que
ser correto, respeitoso, insípido. A extravagância da pura alegria deve ser
punida em nome do politicamente correto para tudo. O futebol perdeu até mesmo
sua melhor virtude: a pura alegria.
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