quarta-feira, 13 de julho de 2016

Os deuses



Mauro Pandolfi

Terça entediada. Fugi do jogo da teve. Vasculhei a partida perdida. Procurei a magia. Fui encontrar os mitos da bola. Os inventados. Os inventores. Os deuses. A camisa amarela encantada. Temida. Amada. Invejada. Brasil e Bulgária.  Copa do Mundo de 1966. A última vitória da seleção com Pelé e Garrincha.  Dois gols de falta. Rasteira, em cima do goleiro, o soco no ar. Pelé! Um chute seco, no alto, no ângulo.  Garrincha!  50 anos de história que descobri no armário mágico do you tube . Construida. Inventada. Um jogo mítico. O real sucumbe ao imaginário.  A lenda é mais interessante que a verdade. Que viva a lenda!
Manoel dos Santos era um homem comum. Destes que gostam de pescar, caçar, beber e jogar bola. E, foi a bola que o transformou em um 'deus' que arrastava fiéis ao templo sagrado. Mané Garrincha!  Aquele que a bola parecia uma extensão de suas asas. Garrincha foi o anjo torto. O driblador magnifico de um bailado só.  Ia, voltava. Não saia do lugar. O mítico craque cantado em verso, prosa, música.  O inventor do João que se tornou um João. Sem a bola, a vida o tornou, outra vez, humano. Nunca mais um comum. Sempre será lembrado como um 'deus'. Caído! Mas, um 'deus!
Édson Arantes do Nascimento nunca foi comum. Sempre foi Pelé. Nomeado rei em 57 por Nélson Rodrigues. Coroado em 58 na Suécia. O craque de corpo, alma, futebol perfeito. A melhor tradução do jogo. Pelé inventou a eternidade. Protegeu, protege, o seu reino de tudo. Ninguém contesta a sua realeza. A vida só fortaleceu o 'deus. Soube, como poucos,  'vender' a sua imagem. O mito nunca será humano. Pelé sempre ignorou o Édson. E, o Édson sempre soube viver como Pelé.
'Bola com Pelé! Domina, dribla um e toca para Mané'. Mais que uma rima. Uma solução. Nunca, juntos, perderam uma partida com a camisa do Brasil. Pelé e Garrincha. Dois homens. Dois deuses. Dois destinos. Um, eterno! O outro, a alegria do povo. Pelé jogava com o cérebro. Garrincha com o coração. Um perseguia a linha reta do gol. O outro preferia a beleza curva do drible. Um erudito. O outro, popular. Pelé e Garrincha inventaram o futebol brasileiro.Um jogo que o tempo desbotou a linda camisa amarela.

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