Chiko Kuneski
Sempre me questionei. O
frio aço chora? Fisicamente não. Mas então porque o espelho insiste em mostrar
a lágrima sentida do canto dos olhos? Até o espelho fica humano no drama. Frio,
retrata a emoção. No mundo atual até o de plasma artificial. Nada contém a
lágrima da derrota ou a da vitória. Chorar é humano.
O futebol é divino. Extra.
Extraordinário. Seus deuses são incompreensíveis e querem continuar sendo. No
mesmo jogo, o herói do campo e da tela sai abatido em maca. Que mais parecia um
sarcófago. O enterro do sucumbido pelo corpo, pelo peso, pela truculência do próprio
futebol. Sai vivo ainda, mas chorando o próprio destino.
Mais uma performance
para as câmeras e o espelho de plasma dos estádios? Ou dor e real sofrimento de
um herói abatido na batalha final? Isso apenas Cristiano Ronaldo sabe e saberá.
Mas suas lágrimas,
expostas nos espelhos de plasma do estádio, reergueram a esquadra portuguesa. O
capitão naufragou, mas a nau tem que vencer em seu nome. O Time português
chorou junto com seu capitão, tirado de campo pela truculência da marcação no
joelho já combalido. Não foi o acaso. Foi o determinado. Isso deve ter irritado
ainda mais os deuses do futebol que gostam das batalhas mais justas.
Talvez as lágrimas de
dor, físicas e humanas, de Cristiano Ronaldo tenham hidratado o brio lusitano. A
nau seguiu sem seu comandante em campo, mas ele vibrava no banco. Torcia aponto
de socar a coxa de um patrício num lance capital desperdiçado. Mancava a beira do gramado em cada chute
dentro dele. Sofria. Chorava. Era o espelho. Não o espelhado. Pela primeira
vez.
Muito bom , Chiko.
ResponderExcluir