terça-feira, 5 de julho de 2016

O espelho mágico

Chiko Kuneski

A tela plasmática. O espelho do século XXI. Todos se olham nos telões dos estádios. Os torcedores roendo unhas vibram e mudam o olhar triste e o comportamento. Pulam. Acenam. Sorriem até na mais triste derrota. É o espelho mágico para o mundo ver.

Cristiano Ronaldo entendeu isso. Olha-se para ser visto. Faz pose para ser copiado. Mira-se por uma vaidade universal. Descobriu a magia dos estádios do novo século, mesmo com o jogo parado. É performático.

Com a bola rolando é genial. Aproveita cada milímetro do retângulo das linhas da pequena área, dentro do retângulo das linhas da grande área no grande retângulo do campo. É uma mistura do côncavo e do convexo em espelhos multifacetários do tempo e do espaço.

É o melhor ator do “teatro de grama e paixão” na ocupação do espaço, físico do tablado do campo, do imaginário visto pelo plasma. Não é real, nem para os melhores marcadores. Move-se sempre fora do foco da bola, das câmeras, do olhar dos oponentes; buscando chegar ao oposto. A bola e ao retângulo mágico do gol.

Transformou-se num Narciso universal. Gostemos ou não do estilo egocêntrico, da marra tanto criticada, do seu futebol, Cristiano Ronaldo  se diferenciou. Descobriu, pela atitude performática ou pela alegria do gol, a magia do espelho mágico.

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