quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A grande dicotomia

Chiko Kuneski

Qual a diferença de comentar e analisar? O conhecimento. Por isso não existem analistas no futebol. São comentaristas. Tecem conceitos do jogo dentro do censo comum. Alguns parecem até meros participantes de mesa de bar: torcedores. Comentar é simples; analisar requer mais do que apenas o óbvio.

A dicotomia está nisso. No óbvio.

O analista vê e reconhece o óbvio, mas dele não fala. Não há necessidade de falar o que todos já sabem. O que todos já viram. A análise não tem espaço para torcer. Dizer o óbvio é expressar, sistematicamente, ou falta de conhecimento; ou soberba. O soberbo sempre fala de si mesmo e de seus pontos de vista.

Esse é o comentarista. Esses são os comentarias do futebol. Sem conhecimento para uma análise do tridimensional do jogo, se limitam ao plano. Usam, na maioria das vezes, apenas a prática para sobrepujar a teoria analítica. Dizem somente o que acham, sem mensurar se quer o conjunto. Jogam junto.


A limitação de comentar materializa-se na falta do abstrato. Tudo é plano. Tudo é um plano. Ardiloso para esconder o que não se sabe com a falsa ideia de que de tudo se entende. E ai o óbvio se sobrepõe à capacidade analítica. Pela necessidade do óbvio.  

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