Chiko Kuneski
Qual a diferença de
comentar e analisar? O conhecimento. Por isso não existem analistas no futebol.
São comentaristas. Tecem conceitos do jogo dentro do censo comum. Alguns
parecem até meros participantes de mesa de bar: torcedores. Comentar é simples;
analisar requer mais do que apenas o óbvio.
A dicotomia está nisso.
No óbvio.
O analista vê e
reconhece o óbvio, mas dele não fala. Não há necessidade de falar o que todos
já sabem. O que todos já viram. A análise não tem espaço para torcer. Dizer o
óbvio é expressar, sistematicamente, ou falta de conhecimento; ou soberba. O
soberbo sempre fala de si mesmo e de seus pontos de vista.
Esse é o comentarista.
Esses são os comentarias do futebol. Sem conhecimento para uma análise do tridimensional
do jogo, se limitam ao plano. Usam, na maioria das vezes, apenas a prática para
sobrepujar a teoria analítica. Dizem somente o que acham, sem mensurar se quer
o conjunto. Jogam junto.
A limitação de comentar
materializa-se na falta do abstrato. Tudo é plano. Tudo é um plano. Ardiloso
para esconder o que não se sabe com a falsa ideia de que de tudo se entende. E
ai o óbvio se sobrepõe à capacidade analítica. Pela necessidade do óbvio.
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