Mauro
Pandolfi
O
campeonato estadual é quase uma saudade. Não terá muito tempo. Será apenas
lembrança de velhos torcedores, pesquisadores e loucos por jogos antigos no
youtube. O tambor dialético do tempo é inexorável. Dinheiro, dinheiro, dinheiro.
O futebol vive a fase econômica. O estadual é uma caravana da pobreza para os
grandes times.
Enquanto
que as federações enriquecem com a miséria dos clubes. Algumas cobram 10% da
renda bruta das partidas. Hoje é o dia dos campeões. A partir de amanhã, 20 mil
desempregados vão encher as estatísticas do governo Dilma. O destino do
estadual será igual ao citadino: o fim! Que pena!
Ah,
o Vermelhão de Copacabana! Lotado. Lá vem o Inter! Foi no Estadual que descobri
o futebol. Eu gosto deste torneio. Mas, as federações e os cartolas estão
destruindo o certame. Fórmulas esdrúxulas, excessos de times, longo e curto ao
mesmo tempo, deficitário. E, os estádios? Vão da década de 20 do século passado
ao pós-modernos da Copa do Mundo.
É
necessário reinventar o campeonato. Passa pelo fim das federações e um
calendário ousado. Defendo um estadual o ano todo. Os grandes clubes (que
disputam o Brasileiro) entrarão na fase decisiva, de seis ou oito clubes, em
mata-mata, bem rápido, emocionante. Os jogos entre outubro e dezembro.
Série
A, B, C e D, do brasileiro, de fevereiro a outubro. Uma inversão de calendário.
No Natal seriam mais de 30 campeões. Aí, os clubes venderiam mais produtos em
suas lojas. É uma ideia!
O
Estadual é um 'charme'! Times, que parecem uma 'porta da esperança" ou dos
'desesperados", de ídolos decadentes ou promessas que foram só
promessas. Estádios que lembram o Coliseu. O gramado parece um pasto.
Arquibancadas improvisadas, alugadas, usadas nos desfiles de carnavais. Das
janelas das casas, o jogo é visto. Nem precisam de tevê. Nas partidas noturnas,
o apagão (some a luz e o futebol do time grande). O tapetão entra campo (não é uma exclusividade dos estaduais). É a hora
do 'doutor' brilhar.
Nem
tudo é desgraça no certame. Há o talento e a fúria. A bola rola, redonda, fica
oval, redonda outra vez, pula, escapa, foge, até encontrar um pé santo ou a
rede. Há jogos. E, que jogos! Viradas, gana, goleadas e atuações estupendas de
antigos craques ou de jovens sedentos de oportunidades. É o milagre do futebol!
Poxa! Vou ao youtube em busca do Grenal de 77. Ver o gol de André Catimba não
tem preço.
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