quinta-feira, 7 de maio de 2015

O nome do jogo

Mauro Pandolfi

Gênio e rei. São desígnios de Pelé. Não de Lionel Messi. De outro planeta. É a definição de Mané Garrincha. Messi é daqui. Deus de uma religião. Isto é Diego Maradona. A divindade de Messi é outra. Mestres da ilusão. Cai bem em Platini, Iniesta, Zidane ou Cruyff. A perna esquerda de Messi produz mágicas impossíveis. Fenômeno. Serve para Ronaldo. É pouco para Messi. Dono da pequena área. Perfeito para Romário. Nunca para Messi. O campo todo é de Messi. Iluminado de Quintino. O galinho é Zico. Messi é um predador feito águia. Endiabrado como Renato Portaluppi. Delírio gremista que sonha com Messi exorcizando o diabo vermelho. Craque. Não reduzo Messi a isto. Há uma infinidades deles por aí.  Messi é único. O que é Messi?

Todos os adjetivos servem a ele? Sim e não! É mais complexo ou, quem sabe, mais simples. O que é Messi, então? Ora, Messi é o .... futebol!

Há poucas coisas mais fantásticas do que um jogo de futebol. Nele há paixão, prazer, dor, festa, fúria.  É a vida! Não vale o sacrifício de uma vida. Mas, para entender o sentido da vida é necessário compreender o fascínio do futebol.  Vi o jogo do Bayern e Barcelona em flashes. Um lance, outro lance, quase nada, muito pouco do primeiro tempo. O movimento da farmácia estava bom.  Não vi o jogo como gosto. Não estava atento, com o olhar de cima. Me senti um pouco Capitu. Vi a partida de soslaio., com olhar oblíquo.

Este é um jogo para ser devorado em partes. Absorvido em câmara lenta. Consumir como um doce fabuloso de sobremesa. Delicadamente, colher por colher, prazer por prazer, sem pressa. A referência também pode ser o amor. Mas, preferi o doce pois há crianças quem leem - é verdade! - este blog. Vou degustá-lo suavemente., lance por lance num videotape de madrugada. Este é o melhor horário do amor, Opa! ou seria da sobremesa?

Um jogo de futebol é misterioso. No alto desta arquibancada, noventa minutos vos contemplam. Os segredos estão espalhados pelo gramado feito um quebra cabeça. Junte as peças e vença a partida. O espetáculo de futebol não é só gols, passes ou dribles. Há o pensar, o imaginário, o devaneio do treinador, a postura da equipe, o espírito do jogo.

O Bayern controlava o segundo tempo. Tinha a posse da bola. Ela circulava de pé em pé. O Barcelona era encaixotado. O fabuloso 'tridente' estava encurralado, perdido, sem saída. Guardiola sabia como controlar a sua criatura e o Bayern, feliz, levava a vantagem na bagagem.

Há o erro, o engano, a desatenção. O futebol é mais do que perfeito. O time alemão se precipitou, tentou pegar o Barcelona distraído, desarrumado, reclamando um pênalti em Neymar - que não aconteceu. A bola perdida encontrou Messi. Dois toques para o lado. A batida foi seca, firme, rasante, poderosa. O gigante Neuer tentou a defesa, pulou, ficou no vazio. Só encontrou a bola já envolvida na rede.

Alguns minutos depois, a magia, o futebol que todos sonham, desejam.  Messi, a bola, as asas da chuteira - a bela imagem poética de Chiko Kuneski -, um zagueiro torto, um goleiro desesperado, um toque suave, a corrida feliz e um povo em festa. Como é belo o futebol! Messi ainda encontrou tempo para um passe perfeito, reto, para Neymar marcar o terceiro e terminar a destruição do Bayern.

Dribles, passes, gols.  Para agradar todos que amam este jogo.  Guardiola sabe que o futebol é uma religião, uma fé. Ele busca um milagre. O problema é que enfrentará o Deus do futebol, que hoje é chamado de ... Messi!

Eu sonho com o futebol. Estou jogando, assistindo, vibrando. Sempre é o Grêmio. Aí, ao contrário do mundo real, ele vence, ganha títulos. Renato está sempre nele. Ultimamente achei um parceiro para ele. É Messi! São dribles, tabelas, gols. Mas, é só um sonho. Não me acordem, por favor! No Natal tentei 'materializar', em parte, este sonho. Comprei uma camisa número dez do Grêmio. Personalizei. Não com o meu nome.  Seria mais um Felipe Bastos, um Douglas ou um Rhodolfo vilipendiando o manto. Um comum sem talento que o Grêmio não precisa. Eu não alteraria nada neste time. Acima do dez está escrito ... Messi!


Um desejo, um sonho, uma ilusão, uma esperança. Nada mais que isto. Só um delírio de um velho gremista apaixonado a procura de um ídolo para chamar de seu. Que inveja de um torcedor do Barcelona!

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