segunda-feira, 2 de julho de 2018

Os duelistas, final?


"Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida"
Assim como sinto saudades de Bob Marley, logo, logo, sentirei de Messi, Cristiano Ronaldo, Iniesta...


Mauro Pandolfi

Terminou? O mais fascinante duelo do moderno futebol chegou ao fim. Sem vencedores. Todos nós perdemos. Os que amam o futebol, os que necessitam de futebol, os que respiram futebol. A ultima imagem de Cristiano Ronaldo é o desespero da derrota. A pressão, o xingamento, a fúria contra o árbitro. O rosto triscado, marcado pela angústia de ver o fim se aproximando. A última imagem de Lionel Messi é o olhar vazio, perdido, de quem não entende o fracasso. Parado, inerte, era abraçado pelos amigos e pelos franceses sem reação. Os segundos mais intensos e longos de sua vida. Cristiano Ronaldo e Messi nunca se enfrentaram em uma Copa. Nunca trocaram um cumprimento ou participaram de um sorteio. O futebol é a melhor alegoria da vida. Nada é definitivo. Nem a morte! O duelo nunca terminará. Será disputado até o fim dos tempos ou até a memória lembrar. Sempre terá um vencedor. Cada amante do jogo da bola escolhe o seu.
Cristiano Ronaldo não conseguiu voar. Ficou retido em uma marcação segura, eficiente, concreta, enjaulado. Seus 'voos' foram curtos, sem profundidade. Não levou perigo nenhuma vez. Os dribles não apareceram e nem a cobrança de falta foi perfeita. O futebol de acertos de Cristiano Ronaldo esbarrou nos erros da equipe, no adversário - o perigoso Uruguai -, no tempo e na derrota. Lionel Messi já entrou perdido. As asas pesadas não levantaram voo. O olhar desnorteado, desolado, a apatia nos movimentos, o isolamento no campo. Lionel foi um pálido Messi. Ainda assim deu duas assistências de gols. Dois 'equívocos' da Argentina e que evitou uma humilhante derrota. Tristes adeus!
Sábado, 30 de junho, 2018. Vai entrar para a história. A última Copa da dupla que tornou imenso o futebol. Dois símbolos da modernidade, de um jogo globalizado, mágico. Messi e Cristiano Ronaldo serão imortais assim como uma outra dupla, de um outro tempo, tornou o futebol poesia feita com os pés: Pelé e Garrincha. Ainda há os que lembram deste duelo localizado aqui, que o mundo sabia somente depois, sem a instantaneidade tecnológica de hoje. Pelé ainda é lembrado, reverenciado, citado como o 'Primeiro e Único' Rei do futebol. De tempos em tempos, sua imagem aparece. Mané Garrincha é somente um nome que vive na memória dos grandes amantes do futebol. Esquecido, à margem como sempre viveu nos campos e na vida, foi ele que inventou as 'asas na chuteiras' - bela expressão de Chiko Kuneski -, imortalizou o drible como se declamasse um poema. O duelo se perdeu na eternidade.
O futebol tem o seu tempo assim como a vida. É o fim de um ciclo. Cristiano Ronaldo, Messi, Iniesta vão dizer adeus. Termina também o jeito Pep Guardiola de jogar. Começa um outro. Os treinadores aprenderam a neutralizar, barrar o rápido jogo alemão e o tocado espanhol. O que oferecem de novo? Até agora na Copa não apareceu.. O destaque entre Uruguai e França foi Cavani. Quem brilhou no jogo da Argentina e França foi Mbappé. Neymar foi o determinante na vitória do Brasil contra o México. Cavani, Mbappé e Neymar jogam no PSG. Será que o novo futebol surgirá na França? E, Neymar estava tão errado ao buscar o PSG? O tempo dirá! O futebol continuará lúdico, poético, vivo, mágico, a grande invenção do homem.

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