O futebol é um jogo.
Uma ludicidade envolvendo atores e assistentes. Como define Mauro Pandolfi: “O
teatro de grama e paixão”. Mas nos teatros, falo nas cadeiras dos espectadores
das “arenas”, não deveria existir lugares demarcados para os fraques
organizados, travestidos em uniformes estilizados. O público quer ver o
espetáculo. A diversão individual acima da coletiva. Quer a euforia, a paixão,
não existe paixão coletiva, a jocosidade, o júbilo. O gozo é individual. Inclusive
quando se aplica no “gozar” do amigo do outro time. É individual.
Confesso-me um velho precoce
com o uso de tais palavras. Um verdadeiro paquiderme que deveria estar seguindo
a manada apenas. Mas não sou um elefante de tromba arriada. O futebol é mágico.
É encanto. É a flauta que sobe a naja dócil, com um olhar apaixonado. Nos jogos
o som da bola sovada no couro das chuteiras, no estridente apito do juiz, faz o
coro involuntário de quem torce. São gemidos, respiros intensos uníssonos,
gritos efusivos.
Esses são os sons dos
torcedores desorganizados. Quem vai apenas em busca do lúdico do futebol. Mas o
teatro tem seus inimigos. Há os que não gostam somente do espetáculo. Os dos
fraques padronizados. São personagens das galerias subterrâneas suspensas pelas
diretorias dos times de futebol. Organizadas para dar sustentação política. Toleradas.
Facilitadas e organizadas na vaia.
Os mercenários
travestidos de torcedores apaixonados. Com lugares cativos no teatro de grama,
mas sem paixão. Pagos. Patrocinados. Inventados. Organizados. Vaiadores solenes
mesmo que o jogo de futebol tenha sido shakespeariano, com romance, comédia e
tragédia. Diversão. Transformam tudo em uma grande pantomima organizada em
vaias. Destrutivas.
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