domingo, 23 de agosto de 2015

O Brasil reencontra o tesão


Chiko Kuneski

Os otimistas acreditam que as grandes transformações vêm da crise. No futebol já tivemos inúmeros exemplos que esse credo é verdadeiro. Talvez sejamos mesmo um povo otimista que leva a máxima “ao pé da letra”. O brasileiro está reencontrando o desejo, a vontade de participar. De ser ativo.

O futebol nacional, apenas com os jogadores que atuam em nossas arenas (para ser contemporâneo), voltou a ter bons jogos, com mais dribles, toques, passes, assistências (termo também contemporâneo) e vibração. A volta do bom futebol nos faz voltar a gostar do futebol.

Torcedores indo aos estádios. Êxtases coletivos dos cidadãos comuns, sem a insanidade das torcidas organizadas, recuperando o prazer de ver futebol. De torcer. Reencontramos o tesão numa  relação que era apenas de amor, às vezes platônico.

Como no futebol, o brasileiro recriou seu desejo pela política. Esse, mais impelido por um divórcio inevitável de um casamento desgastado e construído em enganos, logros e mentiras, que faz procurar o novo desejo, a busca do algo mais, do novo tesão. O êxtase da negação do cômodo, da mesmice, para a busca de uma realização maior.

Como nas arenas, os brasileiros vão às ruas por desejo, espontaneamente. Querem voltar a ser vencedores e não eternos perdedores enganados por discursos de dirigentes corruptos e de falsos técnicos. Voltam a acreditar que as mudanças são possíveis e inevitáveis.


Os brasileiros estão reencontrando o tesão por suas eternas paixões.

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