sábado, 8 de agosto de 2015

Aquele gol!

Mauro Pandolfi
 

Vi aquele gol outra vez. Não tenho dúvida. Aquele gol é meu!  Eu driblei Jacobs e chutei no canto. Saí correndo de braços abertos. Todos atrás para me abraçar. Vi a festa que provoquei no mundo tricolor. A Terra era definitivamente azul. Branco e negro completam o cenário colorido gremista. Eu fiz aquele gol! Não entendo por que dizem que foi o Renato. Estão doidos, todos? Falam nos vídeos, nas narrações, nos textos. É tudo imaginação.  Está noite sonhei outra vez com o gol. Quem dribla, corta para o meio, executa? Quem? Eu! Aquele gol é meu!
Entre o imaginário e o real  há uma fronteira frágil. Tênue, pequena, imperceptível. O pensamento, ainda, é o divisor. Somos o que somos. Não o que gostaríamos de ser. Nossos conceitos são mais reais no imaginário. No real, adaptamos conforme a rudeza da vida. Antes de morrer, Jean Baudrillard afirmou que 'a fronteira não existirá mais. Tudo será uma coisa só'. O filme Matrix mostra uma sociedade assim. Acho que já vivemos numa Matrix. Poxa! O meu gol então é mais real do que nunca!
O sonho é um devaneio do imaginário. Um descuido do real. Os apaixonados entendem melhor o sonho do que os outros. O apaixonado do futebol tem as cores do seu time tatuada na alma. É mais que um signo, sinal. É identidade. Repetir a escalação do time é decifrá-lo como poesia. Corbo; Eurico, Ancheta, Oberdan e Ladinho; Vitor Hugo, Tadeu e Iúra; Tarciso, André e Éder não é a melhor poesia e nem o melhor time que vi. É a que me emociona, me encanta, me deixa feliz, me entusiasma. A que me libertou da dor e da derrota. A que me ensinou vencer e amar a vitória. O mundo imaginário do futebol é um sonho. Libertário no conceito e na ação. O futebol ainda é uma esperança de um real melhor.
Imaginário e real é um duelo na vida. Na campanha eleitoral, trocam de lugar. Não como poesia. Como farsa. O mundo idealizado, transformador, igualitário não é obra de um poeta ou visionário. É só um conto! Geralmente, do vigário. A mistificação do imaginário é uma trapaça tão bem elaborada que o real é destroçado, esmigalhado, retalhado para não revelar o engodo. Após a vitória, o imaginário se revela. Às vezes, cínico. Outras, cruel. No futebol, o imaginário é um sonho. Na política, um pesadelo.

2 comentários:

  1. Mauro, meu amigo, você acertou o gol do Fernandinho!!! E só não acertou o do Brian pq ele não teve a oportunidade de participar desta épica partida!!! Parabéns meu amigo!
    Parabéns pelo texto também! Confesso que sonhei muito sendo o Renato também, só que eu estava fazendo o primeiro gol... então ficamos assim: eu fiz o primeiro e vc o segundo, ok?
    Abraços!

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  2. Buenas, meu amigo Alexandre. Uma goleada lava a alma, acalma o coração e eleva a esperança. Uma goleada é melhor que alguns títulos. É eterna. Queria mais gols, mais contundência. Queria 7, 8, 9 ou 10. Na era jogo para o Bobo. O Bryan faria o seu. Mas foi emocionante. Viva Luan! Vamos em busca de um desejo maior. O título ainda é um sonho. E, será vira realidade? Estamos de acordo com os gols de Tóquio. Um é seu. O outro é meu. Olha, estou desconfiado que aquele segundo gol, dizem que foi o Luan, é meu!
    Grande abraço.

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