Chiko Kuneski
Hoje
é dia dos pais. Mas o que isso tem com o futebol? Provavelmente, pela
profissão, muitos pais jogadores estarão longe dos filhos. Mas a lembrança do
dia dos pais lacrimejou. Não foi meu pai que incentivou minha paixão pelo
futebol. Talvez tenha sido seu maior gesto, de pura felicidade, o motivador.
Não
foi uma camisa para induzir-me a gostar do que gostava. Acho mesmo que meu pai
apenas assistia futebol para me assistir. Era minha alegria. Meu entusiasmo.
Meus gritos de gol que o levavam a torcer comigo. Dizia torcer para meu time,
mas nunca tive certeza disso. Torcia pela minha alegria de torcer.
Demorou
para entender que meu pai torcia por mim. Pela mesma felicidade de uma criança
de sete anos vibrando com o Brasil campeão. Era a Copa do Mundo do México de
1970. O maior jogo de futebol que trago comigo, mesmo tendo que revê-lo a cada Copa
para ter a certeza que a memória da criança não foi induzida pela observação
crítica do adulto, ainda uma criança vibrante com o futebol.
A
imagem do tubo era pura magia. Em preto e branco. Era o sonho. Era a euforia
pueril. Na proteção do colo de meu pai levantava a cada drible desconcertante, a
cada magia do passe, que só entendi bem mais tarde, a cada grito de gol. Era
minha euforia encontrando a dele. Talvez a dele, mais por mim.
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