terça-feira, 6 de março de 2018

O teatro de grama e paixão

 

"A vida é uma peça de teatro que não admite ensaios. Por isso cante, ria, dance, chore, viva intensamente cada momento de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos".
Charles Chaplin brincou com a bola em O Grande Ditador e encantou a alma, a mesma que 'sofre' com o futebol, como poucos.

Mauro Pandolfi

O futebol é o teatro de grama e paixão. Lá é 'encenado' a ópera da vida. A dor e a alegria. O encantamento e a desilusão. O desespero e a esperança. O exagero e a felicidade. Angústia e êxtase.Os conflitos tribais que terminam em festa ou em drama. A morte é um personagem que se tornou corriqueiro no 'teatro'. Em conflitos de imbecis fantasiados, organizados em células fascistoides, que guerreiam por cores, nomes e muita estupidez. As tragédias coletivas, como a da Chapecoense e do Manchester United, ou as individuais, como as mortes de Serginho e Davide Astori, tornam humanos os 'deuses da bola'. A dor é repartidas entre todos os amantes, os personagens, os atores do teatro, revelando algo perdido, esquecido, desconhecido: a solidariedade.
O futebol é um jogo de amigos. Pode ser jogado no maior estádio do mundo, no mais moderno, assistido por milhões de pessoas. Pode ser jogado num terreno baldio, com traves feitas com tijolos, sem ninguém olhando. Sempre será, disputa de títulos ou uma pelada, um jogo de amigos. A carta  de Riccardo Saponara, jogador da Fiorentina,  publicada nas redes sociais, lembrando dos momentos vividos com o capitão Davide Astori, encontrado morto na manhã de domingo, é um exemplo da amizade de quem corre atrás da bola, do jogo da vida. Aliás, futebol é um sinônimo de vida. É emocionante, carinhoso e sublime o texto.
"Meu capitão. Por que você não veio tomar café de manhã com todos nós? Por que você não veio beber seu suco de laranja habitual? Agora ele nos dirão que a vida segue, que teremos que olhar para frente e nos levantar, mas qual será o seu sabor? Quem chegará todas as manhãs na cafeteria para aquecer o ambiente com aquele sorriso? Quem nos perguntará curioso o que fizemos na noite anterior para rir? Quem vai repreender os mais jovens e quem fará os experientes serem mais responsáveis? Quem formará o círculo dos 'dois toques' em campo? Com quem vamos debater os episódios do Masterchef, restaurantes florentinos, séries de tevês? Sobre quem apoiarei meu ombro no almoço após um treino cansativo? Volte!"

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