terça-feira, 6 de março de 2018

O colibri de chuteiras


Chiko Kuneski

“Somente três coisas param no ar: helicóptero, beija-flor e Dadá Maravilha.” Frase irônica de um dos grandes, se não um dos maiores, atacantes do Brasil, Dadá Maravilha.

Dadá brincou com seus gols de cabeça na década de 70. Não podia prever que no século XXI um português também voaria com asas de colibri nos gramados do mundo. O corpo flutua em linha reta no ar e para. Os olhos atentos sobre a cabeça do zagueiro. A mira no gol. O radar na bola. A imagem parece congelar, a dele pelo menos, em pleno ar parado longilíneo, esperando.

Tudo ao seu redor se move. Ele não mais. Somente os olhos, um de radar; outo de mira, certeira. As chuteiras de colibri aceleram. Mantem o corpo, mantém os olhos, mantém a cabeça erguida. Segundos. Para a cabeça ir de encontro à bola e a bola ir de encontro às redes. Implacável. O corpo pousa já com braços erguidos. Dessa vez, nem mesmo olhou para o plasma do placar do estádio.

Cristiano Ronaldo, ou CR7, afinal o marketing é fundamental para o futebol do século XXI, sabia que ali a batalha contra o PSG estava ganha. O ídolo de plasma materializou-se na plenitude da leveza do voo. Parou no ar. Tirou o ar. O guerreiro rompedor de defesas achou a leveza do ser, fez-se colibri de chuteiras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário