quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O último



  • "Dos vastos campos verdes
    Até as terras mais remotas
    Esqueça todos teus afazeres
    Sinta o mundo dar suas voltas"

    O futebol embala a minha vida feito poesia. Gosto de novos olhares, como o belo poema Carpe Diem de um garoto que não sabe driblar com a bola. Mas, é um bailarino com as palavras. Salve Duda Sacul!

    Mauro Pandolfi


    Não resisto ao chavão de Zuenir Ventura. "2017 nunca terminará!". É uma tatuagem marcada na alma. Ao lado de outras, que de tempos em tempos, reaparecem em sonhos, nos meus devaneios imaginários, ou, na saudade. O título da Libertadores é eterno. O jogo é mais! O prazer de ver o jogo! O estilo, o refinamento com a bola, a poética do passe, a prosa do drible, o estético, as linhas que se entrelaçam num desenho mágico. A bola fluindo rápida, insinuante, submissa, lírica, de pé em pé, que, muitas vezes, acabava aconchegada na rede. O Grêmio de Renato Portaluppi é o melhor Grêmio da minha vida. O que me deu mais prazer. O do primeiro semestre, que tinha Pedro Rocha, foi mais encantador. Espetaculares escapadas pela esquerda, a fina elegância de Luan e a gentileza de Arthur com a bola tornam este time inesquecível. Este é o verdadeiro 'Imortal Tricolor". Vi todos os jogos do ano. Vibrei, gritei, cantei, chorei, sorri. O importante, como diz um certo Roberto, 'é que emoções, eu vivi!"
    2017 foi o território da beleza e do caos. Barbárie e civilização. Um país desconectado entre o poder e o povo. A corrupção no horário nobre da tevê. O dinheiro fluindo de malas à apartamentos, Um governo impopular, ilegítimo, canalha, sobreviveu a custa de compra de almas, consciências (?), indecência política, ou só pela boquinha! No mesmo horário da tevê, o desespero da vida de quem depende do serviço público. Hospitais e escolas em ruínas. O ajuntamento não superou o 'fla-flu' do impeachment. Agravou a intolerância, a raiva, a estupidez, ódio. Mais do que nunca, se divide entre o passado e o passado em 2018. Um lembra o 'paraíso' do período militar. O outro, tenta resgatar a vida 'no Jardim do Éden' do lulo-petismo. Farsantes, místicos, mitômaniacos e iguais.Há mais semelhanças do que diferenças. É preciso estar atento, lúcido, racional, para não cair, outra vez, no conto do vigário. E, há 'vigário' de todo o tipo de fé. Principalmente, daquela que Deus duvida.
    Barbárie do futebol me assustou. Raros os jogos sem violências de torcedores. Gremistas foram brigar em Abu Dhabi. Gastaram dinheiro pelo 'prazer' de esmurrar e apanhar de madrilistas. Imagens que assustaram. Invasões de torcida virou trivial. A derrota é proibida. Time que perde em campo, corre o risco do linchamento de torcedores. Algumas imagens me impressionaram. O tamanho da pedra no campo da Ponte Preta, que o repórter da Sportv mostrou, deveria fechar o estádio Moisés Lucarelli por alguns anos. A cena do pai com o filho do colo, fugindo da briga, escorraçado por um policial, foi deprimente, triste, desoladora. A brutalidade, a estupidez não escolhe 'lado'. Mas, nada superou a 'estratégia' das torcidas organizadas do Flamengo no jogo contra o Independiente. Invasão, porrada e bomba. O Maracanã lembrou o Coliseu. Não identifiquei quem era gladiador, cristão ou  leão. O Flamengo será punido pela conmebol? Terá mesma punição de Corinthians, Boca e Penharol. Multas! Os cartolas amam o dinheiro. É o que interessa. O resto é...
    Delatores e o velho canalha da ditadura militar, José Maria Marin, abriram o bico. A escória do futebol brasileiro vai assistir o sol nascer quadrado. Marin terá o fim da vida justo, perfeito para um pulha. Ricardo Teixeira e Del Nero não escaparão do mesmo destino. Bom, sempre tem um Gilmar Mendes no meio do caminho. Chegou a hora de mudar. Nunca o futebol brasileiro teve uma oportunidade como esta. Acabar com a cbf e as federações. Estes entulhos autoritários inventado por Getúlio Vargas, fortalecido pelo militares e protegidos pelos governos pós Nova República. É a hora da revolução. Da transformação, da mudança, da inovação. De detonar esta estrutura arcaica, obsoleta e coronelista. Acredito na revolução! Só não confio nos revolucionários!
    É o ultimo texto do ano. Queria mais poético, mais doce, mais lírico. O dia cinza, chuvoso, com jeito de culpa, me deixou meio azedo, ácido, e por incrível que pareça, esperançoso. Do caos é que a vida surge, vem a criação, os novos tempos. Agradeço aos meus leitores (todos os oito, cada ano ganho um!), a quem curtiu, comentou, compartilhou ou apenas leu, aos que ignoraram. Desejo um Feliz Natal. Que as palavras de um certo Menino Jesus abram corações e mentes. E que todos nós façamos de 2018 um ano leve, sereno, alegre, tranquilo, de muita paz. Grato pelo tempo perdido por lerem os textos deste blog.
    Termino com um presente de Natal, os versos finais de Carpe Diem:

    "Dentre as fugas da realidade
    Me pego novamente cego
    Perante mágoas da minha maldade
    E de todo proveito que me nego
    Porém não me deixo abater
    Enquanto olho para os ponteiros
    Não deixa a folia ceder
    E faço ceder nevoeiros
    Até o sol nascer
    Enquanto a lua está a brilhar
    De norte a sul irei correr
    Em cada segundo
    sem nada a declarar"

Nenhum comentário:

Postar um comentário