Chiko Kuneski
Esse domingo foi um dia
especial do futebol do presente jogado. Nenhum jogador brasileiro em campo na
televisão. Não teve acrobacias em faltas rotineiras. Nada de voos espetaculares
sem qualquer contato físico. Nenhum dedo em riste pedindo cartão por qualquer
queda para intimidar arbitragens.
Nada como passar uma
tarde sem a idolatria à Neymar Jr, o eterno jogador de Playstation. Sem os
chavões de que somos os melhores do planeta e o mundo importa nosso talento.
Nada como ver apenas a bola rolando, os esquemas táticos, a aplicação
estruturada. O talento coletivo melhorado pelo individual cooperativo. A
genialidade individual presente na construção do todo.
A bola não velcrou nas
chuteiras. Os pés a tocavam e era tocada. Dois toques, no máximo. Um drible,
quando necessário. O drible ainda é o grande espetáculo do futebol. Mas, como
um “caco” no teatro, se exagerado perde o sentindo e sua graça. Futebol é um
espetáculo de bola rolando, fluida, escorrendo na grama; não uma maratona do carregador da tocha.
O presente desse
domingo mostrou o que deve ser o futuro na Rússia. As seleções europeias
jogando o melhor futebol, com esquemas, aplicação tática, talentos individuais
que jogam para o time. Os brasileiros que insistem nos monólogos dos craques
salvadores sofrerão. Depois do humilhante 7 a um para a Alemanha não aprendemos
quase nada. Como escreveu Belchior: “ ainda somos os mesmos e vivemos como
nossos pais”.
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