domingo, 3 de setembro de 2017

O fim do mito


Chiko Kuneski

Esse domingo foi um dia especial do futebol do presente jogado. Nenhum jogador brasileiro em campo na televisão. Não teve acrobacias em faltas rotineiras. Nada de voos espetaculares sem qualquer contato físico. Nenhum dedo em riste pedindo cartão por qualquer queda para intimidar arbitragens.

Nada como passar uma tarde sem a idolatria à Neymar Jr, o eterno jogador de Playstation. Sem os chavões de que somos os melhores do planeta e o mundo importa nosso talento. Nada como ver apenas a bola rolando, os esquemas táticos, a aplicação estruturada. O talento coletivo melhorado pelo individual cooperativo. A genialidade individual presente na construção do todo.

A bola não velcrou nas chuteiras. Os pés a tocavam e era tocada. Dois toques, no máximo. Um drible, quando necessário. O drible ainda é o grande espetáculo do futebol. Mas, como um “caco” no teatro, se exagerado perde o sentindo e sua graça. Futebol é um espetáculo de bola rolando, fluida, escorrendo na grama; não uma  maratona do carregador da tocha.

O presente desse domingo mostrou o que deve ser o futuro na Rússia. As seleções europeias jogando o melhor futebol, com esquemas, aplicação tática, talentos individuais que jogam para o time. Os brasileiros que insistem nos monólogos dos craques salvadores sofrerão. Depois do humilhante 7 a um para a Alemanha não aprendemos quase nada. Como escreveu Belchior: “ ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.

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