"...Um passado exaltado, como o meu próprio?
Um presente no passado, como muitos?
Um futuro teimoso nesse presente, ainda que passado?
Meu reflexo presente, o reflexo é sempre presente
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Um presente no passado, como muitos?
Um futuro teimoso nesse presente, ainda que passado?
Meu reflexo presente, o reflexo é sempre presente
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A amizade é presente
Quando tem passado
Faz seu futuro"
Quando tem passado
Faz seu futuro"
Grande definição de amizade de Chiko Kuneski, o poeta que divide o meu coração com Mário Quintana.
Mauro Pandolfi
Há
quinze anos que não jogo futebol. A idade, o peso, o tempo tomado me
impede de jogar. Não sei mais o peso da bola, quantos lado tem, nem sei
se é redonda. Nem dá mais para brincar com Pedro antes dele ir para a
escola. Estuda de manhã. Sai de casa às sete horas. A bola, perdida no
campinho do condomínio, parece me convidar para uma troca de carícia.
Mas, não vou! Sempre sonho que estou jogando. E, sou sempre jovem. Bem
menino, quando o futebol é no Vermelhão. Adulto com jeito de
adolescente, quando é por estas bandas. Nunca sonho que estou jogando
com a idade atual. Acho que até o sonho me protege. De um infarto ou
'das bolas murchas' da falta de habilidade. Outro detalhe é que meus
amigos de fé não jogam. Futebol é um jogo de amigos. Só entre amigos há o
belo jogo. O prazer de brincar, de se divertir, até ganhar. Com os
outros, todos bons jogadores, só há vitória. Há times assim. O Barcelona
de Neymar, Messi e Suarez jogava como um time de meninos. O Real Madrid
de Zidane gosta só de vencer. E, eu vejo tudo de um sofá.
Já
falei tanto do Vermelhão de Copacabana. O Maracanã de minha infância. O
lugar onde a felicidade morava. Jogava partidas que brigavam com o
tempo. Parecia impossível terminar. Todo dia era dia de bola. Dois,
três, dez, dois times. Estes dias sonhei com um clássico da Copacabana. O
nosso time, Independiente, camisas azuis com uma gola vermelha
enfrentando o time do Éverson, Jones e Fernando Bronca. Grande rival.
Disputas ferrenhas que talvez muito de nós tenham elas na lembrança.
Estávamos todos lá. No gol, a segurança do Mosquito. Pequeno e ágil.
Carlinhos era a inteligência no lado direito. Bolacha e Joâo seguravam a
defesa. Na bola e na porrada. Abel era o grande armador. Sabedoria em
lidar com a bola. Babão sabia fazer gols. Serginho era só um garotinho
com uma capacidade imensa de destruir uma defesa. Maurinho completava o
time com alguma habilidade. A bola rolou. Porém, me acordaram. Fiquei
todo o dia pensando neste jogo. E foi na sexta da semana passada. Ah, um
túnel do tempo!
Neste
dia sonhei com os olhos abertos. Lembrei de um ótimo time da prática
desportiva. Aí, era o que chamavam antigamente de futebol de salão. Eu
era louco por bola. Ficava o dia inteiro na UFSC. Teve uma turma, do
professor Amarante, que dava prazer de jogar. Não lembro o nome de
todos. Eram ótimos, hábeis, dribladores, rápidos. Fernando era um
central vigoroso. Canhoto de um chute potente. Orientava o jogo, falava o
tempo todo. Samir tinha uma inteligência acima da média. Parecia
antever o lance. Giovani foi o mais fantástico que jogou ao meu lado.
Driblava e passava. Ganhamos um torneio interno da UFSC. Dois a um foi a
final. Giovani fez um golaço que deve estar guardado na mente de quem
viu. Eram menos de 20 pessoas assistindo o jogo. Ele driblou seis. Todo o
time adversário, eu e o Samir. Todos aplaudiram. Ah, o gol da vitória
foi meu. De calcanhar, de letra. Às vezes, acontece. Nunca mais
encontrei nenhum deles. Isto aconteceu numa noite de agosto de 1984.
Direto do túnel do tempo!
Somos
'Os Mosqueteiros'. Criação do poeta Chiko Kuneski. São cinco amigos.
Quase um 'quinteto irreverente'. Sandro, Paulo, Mauro e Chiko formam o
quarteto central. Somos irmãos. Não como os 'Marx'. Mas, divertidos. O
quinto elemento, o Zeca, está exilado em Criciúma. Raramente vem para os
encontros. A distância, o tempo, a vida, os pensares, tantas coisa,
impedem a presença. Faz falta. Principalmente, se tivesse uma partida no
meio. Zeca, não se é ainda, era fabuloso com a bola. No sábado, na casa
do Chiko, nos reencontramos. Falamos de tudo. Dos filhos, das mulheres
(as nossas, é claro!), das histórias, do país, do mundo, de cinema e
futebol. Rimos a tarde toda. Vou para me divertir e sempre aprendo algo.
Entendi que a vida é regida pela amizade. Das relações amorosas ao
trabalho. O que vira lembrança, saudade, vontade de reviver, é feita
pelos amigos. Os que oferecem o ombro nas perdas e os charutos nas
chegadas. Os que riem contigo, de você e os que choram, te aconselham.
Não sei se é um texto para este blog de futebol. É um texto de
agradecimento. Aos meus amigos de Copacabana, aos nem tão amigos da
prática desportivas e os fundamentais 'mosqueteiros'. Um beijo amoroso
em todos vocês.
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