"Se, ao te conhecer, dei pra
sonhar, fiz tantos desvarios. Rompi com mundo, queimei meus navios. Me
diz pra onde é que ainda posso ir".
Os 'ses' fazem parte de
minha vida, das minhas escolhas e feito Chico Buarque queimei os meus
navios sem romper com o mundo. Mas, não sei o motivo, nunca fiquei sem
saber onde ir. Faltou esta 'loucura'...
Mauro Pandolfi
E, se ...
tivesse
ficado em casa naquela manhã de 1967. Jogando botão, lendo - como
sugeriu a Leda minha prima e fundamental professora -, estudado para
alguma prova, brincando de qualquer coisa. Mas, saí de casa, atravessei a
rua e fui ver o famoso Alcindo que jogava no Grêmio. Descobri a paixão!
As três cores mágicas e nunca esqueci o chute de Alcindo que ainda
balança o travessão em minha memória. Não seria gremista. E, o pior, por
influencia do Inter de Lages, seria Inter de Porto Alegre. Ainda bem
que sai de casa naquela manhã. Como seria triste a minha vida sem o
Grêmio! Sem as alegrias, as dores das derrotas, as noites não dormidas,
pela euforia ou pela tristeza, o prazer e o encanto do jogo bem jogado,
poético, dos times de Roger e Renato. Faltaria algo na alma, teria um
buraco no coração e um vazio intenso que me dá arrepio ao cogitar não
ter o Grêmio na vida. Bendita manhã aquela do Maurinho!
E, se ...
não
tivesse escapado de, quase, todas as paixões da vida. Falado de amor,
trocados juras, roubados, mais, beijos. Ter confidenciado a paixão, não
ter suprimido os desejos, não ter rasgados as poesias - bom, ficaram
livres de versos tortos e pueris -, ter arriscado mais. Com quem teria
ficado por mais tempo? Com a loirinha da esquina de casa que disparava o
coração? Ou a moreninha que encontrava na hora de comprar pão? Ou na
amiga da universidade, que me arrepiava de tesão? Ou a colega de
trabalho de rosto suave, bem desenhado, harmônico, que desafiou os meus
medos? Bom, entre todas as escolhas, a colega do trabalho me acompanha
até hoje. Ainda fico encantado com os traços bem definidos do rosto e o
fascinante amor ao Pedro e o André. Não tento imaginar outra escolha.
E, se ...
tivesse
passado em direito em 1981? Que advogado seria? Um destes milionários
ou um que lutasse por uma justiça 'mais justa'? Nunca serei rico, não
tenho o perfil e ainda bem que passei em Jornalismo em 1982, o que me
impediu, definitivamente, de ser rico. Fiz o vestibular para acompanhar a
minha prima Liciane. Não estudei, não li nada e cheguei de madrugada na
véspera da prova. Passei! Vivi alguns dos melhores anos da vida com os
amigos que ainda mantenho. São de fé, são de sempre, são amores de quem
não me desfaço. Tudo seria diferente se tive aceitado a proposta de ir
para São Paulo. Foi lá por 1986. Medrei! Medo de arriscar, de ficar
sozinho, longe dos meus. O tempo passou, a vida seguiu o seu rumo e o
jornalismo virou uma doce lembrança. Às vezes, fico pensando, como seria
a vida se tivesse aceito aquele convite?
E, se...
tivesse
um bom assunto, uma ótima ideia, uma grande lembrança, teria escrito um
outro texto. Melhor, mais poético, mais lúcido, menos perdido. Porém,
tropecei nos meus delíros de tanto 'ses' que embalam a vida e saiu
isto...
Teus textos sempre têm um significado e sempre me emocionam.
ResponderExcluirObrigado, meu amigo!
Eu que agredeço a sua leitura.
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