terça-feira, 3 de abril de 2018

O mais lindo dos gols

  
"Eu quero um gol de meia-bicicleta de Reinaldo para tatuar na pele da lua e tomar o lugar de São Jorge com seu cavalo, para que os namorados e os ex-namorados, os amantes e os ex-amantes, de todas as idades, digam uns aos outros, apontando para a lua:
- Olhe só o que pode um homem, mesmo quando está caído."
Não sei se Roberto Drumonnd tatuou o gol de Reinaldo. O de bicicleta, o corpo mais leve que o ar, de Cristiano Ronaldo está marcado, tatuado na minha alma amante da bola.

Mauro Pandolfi

Me rendo! Não discuto mais. Não há mais conversa. Se faltava poesia em seu jogo, o gol é um poema em linha reta, intenso, mágico. Cristiano Ronaldo é o maior. O mais fantástico goleador deste tempo. Arrasador! Terminal. Um atacante completo. Primoroso. Use o adjetivo que você quiser. Cabe em qualquer um. Talvez, seja pouco. Necessário um novo. Uma definição, como dita pelo velho homem da bola, Joel Passos, meses atrás: 'Vi Pelé! Igual ao Pelé! Mesma magia. A fúria pelo gol, pela vitória. Obcecado em vencer. Fatal, definidor, atlético, físico em estado puro, craque absoluto. Só os poetas preferem Messi!", afirmou. Não sou poeta. Apenas um 'messianico' apaixonado. Mas, depois do gol de bicicleta,.Cristiano Ronaldo revela que tem algo de Pelé. Tem a majestade, a frieza, a mitologia é só uma questão de tempo. A minha rendição vai até o próximo gol genial de Messi. Até lá, rendo-me a beleza, a poesia, o encanto do gol.
Qual é o gol mais bonito do futebol? O driblado ou o chute oblíquo? O voleio certeiro ou a cabeçada demolidora? A falta esmerada ou o olímpico perfeito? Eu gosto do gol de bicicleta. Foi um gol de bicicleta de André Catimba, contra o Esportivo, que virou nome de meu filho. A minha maneira de tornar eterno aquele gol mágico. Olho para o André e lembro do gol. O gol mais bonito que vi. Tenho gravado no celular este gol. Em momentos de tristeza, assisto. Equivale a um livro de autoajuda.
A bola rápida, ligeira, disforme. Solta ao vento. Um rebote a esmo. Procura o craque solitário na área. Um lance sem perigo. Afinal, Buffon fez a defesa fantástica segundos atrás.. Mas, a bola voou. Encontrou um corpo. Solto. Mais leve que o ar. Ângulo reto. Noventa graus formam parte do corpo estirado e as pernas ao vento. Parece parado. Um beija-flor, um helicóptero, um Dadá Maravilha. O corpo em movimento. Retilíneo uniforme. Física e matemática são explicadas em versos no futebol. O pé inventa um movimento inesperado, único, sublime. O chute é esplêndido. Gol tão exuberante que a torcida adversária abandona a rivalidade e se entrega ao lance transcendente. Para ver Pelé, Cristiano Ronaldo já olha para o lado.
Vi pouco do jogo. Tive a sorte de ver o gol de Cristiano Ronaldo. Ao meu lado, Mário dizia, em tom de blagué: 'Vamos nos encontrar de novo no fim do ano'. Eu, apenas, ria. A minha simpatia era para a 'Velha Senhora'. Douglas Costa e Dybala jogam lá. Aos poucos, a diferença aparece. É grande, imensa! Ficou maior com a expulsão de Dybala. Um lance semelhante a da expulsão de Éder Sciola, do Brasil de Pelotas, contra o Grêmio. Os comentaristas de arbitragem acharam 'um exagero', 'buscou a bola', 'foi de cartão, mas o árbitro poderia ter contornado'. A violência não deve ser tolerada ou 'administrada'. A lei, que é para todos, deve ser cumprida. Isto um europeu entende. Já, alguns brasileiros, não. Perto do final, lá pelos 43 minutos do segundo tempo, encaro o Mário. Ele repete a frase, perdida entre o otimismo e o pessimismo gremista: 'É! Vamos nos encontrar de novo lá no fim do ano!'

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