Mauro Pandolfi
Amo o futebol. É a minha religião. As partidas são os cultos em que deposito a minha fé. É a minha filosofia. Onde aprendi a ética, as virtudes, os equívocos, os enganos e perdi a utopia. É o meu encontro com a arte. Tenho o prazer com a beleza do jogo, do gol fortuito, do planejado, do arrancado a fórceps, do genial. É a literatura que mais gosto. Descubro autores geniais em todos os 'saraus'. Lionel Messi, ainda, é o meu favorito. Futebol é vida. A minha vida! Achava a mais importante das coisas insignificantes. Engano meu. A tragédia da Chapecoense, a solidariedade dos colombianos, revelaram que é a mais potente forma de humanismo, de paz, de transformação. Adoro o futebol e seus 'dilemas'. Razão ou emoção? Alma ou coração? Cerebral ou intuitivo? Dom ou aprendizado? O futebol é um enigma. Decifra-me ou te devoro? Sou devorado, em partes, lentamente, sem nunca conseguir decifrar o enigma.
Sou racional. Gosto do jogo planejado, arquitetado, elaborado. Vejo prosa nos movimentos das linhas. Geometria em estado puro. Triângulos, retângulos, losangos, círculos. A única coisa que o futebol não pode ser é quadrado. Tem de ser inventivo, criativo, inovador. Nunca pragmático. Uma linha de passe que acaba num gol é o melhor texto que futebol nos dá. Obra prima. O jogo ensaiado, tão bem ensaiado, que parece ser intuitivo, original. Não é repetitivo como um erro. É sempre a reinvenção do que deu certo. Uma outra leitura praticada a cada partida. Pep Guardiola é um romântico idealista. Produz uma equipe fantástica, ousada, devoradora de emoções. Guardiola é um encantador de ilusões.
Sou emocional. Gosto do jogo descoberto a cada lance. Do que não planeja, não estuda, não ensaia. Da poesia em linha reta. Profunda, intensa, mágica. Do drible em drible, da negaceada em negaceda, até virar o gol. Ou, se perder em linha de fundo. Restando apenas a beleza da jogada. Admiro a bola rolada horizontalmente, sem pressa, sem rumo, esperando uma brecha, um engano, um erro e que se transforma em gol. As asas de chuteira - belíssima expressão criada pela verve poética de Chiko Kuneski, um amante do drible - enche os olhos de quem ama o futebol pelo futebol, pela brincadeira, pelo prazer, por quem ignora a vitória. O belo pelo belo. Telê Santana foi um idealista romântico. O melhor criador de times intuitivos que conheço. Treinava a exaustão os fundamentos do futebol. Era isto que possibilitava a improvisação. Tão bem bem feita que parecia ensaiado.
Amo escrever sobre o futebol. Redescobri a paixão neste blog. Escrevi os meus enganos, as minhas descobertas, as minhas paixões, os meus desabafos. Esgotei a paciência e 'roubei' o tempo de quem passa por aqui. Agradeço os leitores (agora, são sete!), os que curtem, compartilham, comentam, aos que leem e aos que ignoram. Desejo um Feliz Natal e um Admirável Ano Novo. Adeus ou até breve!
O que? Parar de escrever? Não faça isso meu amigo!
ResponderExcluirAdoro teus textos.
Grande abraço e, por favor, reveja tua decisão.