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"Primeiro
compararam com Di Stefano. Depois, Cruyff. Depois, ele (Maradona) e
agora Ronaldinho e o nome que sempre fica é o meu!"
Pelé
nunca duvidou de sua imortalidade. Sempre se portou como eterno. O
futebol procura um substituto para as belas tardes de domingo, que às
vezes, estão nas noites de terças. Mas, jamais um novo 'Rei'. O mundo do
futebol rejeita um novo soberano. Pelé é celestial!
Mauro Pandolfi
Félix;
Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gérson;
Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivelino. É a mais bela poesia épica do
futebol. A mais sonora, mais musical, mais rítmica. Métrica perfeita num
jogo sólido e inesquecível. Não há um poema como este. Nem um verso
como...Pelé! É amplo, completo, estético, celestial. Sua imagem, mesmo
décadas depois de abandonar o futebol, talvez ainda divida a parede de
um quarto com uma musa e uma banda de rock. No meu quarto, lá por 1974,
era assim. Quem sabe, algum 'devoto' romântico mantenha esta cena
divina. Porém, e depois de Pelé, quem foi ou é o Pelé? A revista Placar
fez a enquete com jornalistas, amantes do jogo, jogadores, craques e
escolheu Neymar. Uma ousadia ou, em tempo de um fundamentalismo
religioso tacanho, blasfêmia! Eu gosto de ousadia. E, cá entre nós, uma
heresia, uma iconoclastia faz bem a alma e ao cérebro. Desafinar o coro
dos contentes desopila o fígado. Fico com Neymar, também. Mas...
Menino
ainda, vi numa Placar uma foto de Washington na capa: O novo Pelé!
Talentoso, hábil, vistoso, genial, sucumbiu, sugado na maldita
comparação. Rodou por vários times e seu futebol foi sumindo,
desaparecendo. De imensos como Corinthians aos pequenos, como a
Ferroviária. Encontrei no Marcílio Dias lá por 86. Amargo, silencioso,
possesso quando perguntei sobre a comparação, e, muito afável, me disse:
'isto acabou com a minha carreira. Queriam Pelé. Eu era apenas
Washington'. Ele faleceu em 2010. Um obituário de poucas linhas contou a
sua trajetória. Enéas Camargo foi outro jovem que percorreu a mesma
estrada de Washington. Nunca confirmou a genialidade prometida e morreu
em um acidente de automóvel (em 88) exatamente como Dener (em 94), a
última esperança de um novo Pelé. Triste sina destes jovens negros,
fantásticos, tragados pela exagerada comparação.
Gosto
dos gênios, dos mitos consagrados, dos que tornaram-se adjetivos de
futebol. No entanto, procuro os que são lembrados só pelos 'fanáticos'
por poesias, as escalações de um time, idolatrados por torcedores de
clube. O braço erguido, desafiador, inteligente. Reinaldo José de Lima
não deve nada para Romário e Ronaldo Fenômeno. Quem sabe foi mais genial
do que eles. Outro foi Careca. Também, do mesmo nível, ou melhor, do
que os artilheiros campeões de 94 e 2002. Nunca esqueço de Pita. O
soberbo meia do Santos, o primeiro menino da Vila. Driblador, cerebral.
dono de gols que Messi ou Maradona, desconfio que Pelé, também,
assinariam. Na mente, enquanto escrevo, surgem cenas de dribles, de
passes de gols, de uma meia extraordinário, que seria mais genial se
surgisse hoje: Paulo César Carpegianii. Uma mistura de Xavi, Iniesta e
Arthur. No final dos anos 70, em tempos de Zico, Falcão e um
surpreendente jovem chamado Sócrates, o Rei fez a sua escolha que
surpreendeu o mundo da bola: Luís Paulo. Um esforçado, sou gentil,
ponteiro esquerdo Flamengo. Pérola de um Rei!
Nomes,
ídolos, geniais. Símbolos de um futebol. Quem vem depois de Pelé? A
outra poesia sonora do futebol brasileiro: Valdir Peres; Leandro, Oscar,
Luisinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho e Éder. O
poema começa torto, Aos poucos revela magia, encantamento, tristeza.
Muitos foram referencias, fazem parte da mitologia, da história oral,
dos cantos, dos gritos, do choro. Zico, Sócrates e Falcão são nomes
fortes pós Pelé. Prefiro Leandro e, especialmente, Júnior, talvez o mais
completo jogador deste país. Como é difícil escolher.
O
futebol flui, avança, outros olhares, outros países, outras cores. A
bola é européia. O brilho vem de lá. Tantos. De Romário até Rivaldo. De
Valdo, passando por Renato, não é só 'devoto' escrevendo, ao fenômeno
Ronaldo, que descobriu um outro caminho para Compostela. Pelo lado, a
dribles, com força, com talento.. De Kaká, Alex, ao, como me dói citar,
Ronaldinho Assis. Do esquecido Djalminha ao nunca citado Carlos Miguel.
Poxa! Como é gigante o futebol brasileiro! Todos com jeito de 'Pelé'.
Uns mais, outros menos.
Neymar!
É a minha escolha. Tostão me inspirou, certa vez, a escolher Neymar.
Ele tem todas as qualidades de craque. Tem um jogo amplo, vasto
repertório, dribla como um velho ponta. Cobra falta, cria passes
mágicos, como um meia. Finaliza feito um centroavante. Sabe usar o tempo
e o espaço. É técnico e tático. Aprendeu a 'ler o jogo. Tem todos os
defeitos. Segura demais a bola, confia muito no seu jogo,
individualista (mas, a genialidade só vai aparecer na jogada
individual). O que 'atrapalha' Neymar é a visibilidade. Não vai ser
lembrado por história, por ouvir um velho tio contar as suas façanhas,
será por imagens. Todos os seus jogos estão na 'nuvem', prontos para
serem acessados. As grandes partidas e as atuações desastrosas. Afinal, o
'craque' também sucumbe. Escolho Neymar para ficar no presente. No
passado deixo as lembranças de um tempo-jogo mágico. Se olhar pelo
futuro, há Vinícius Júnior, Arthur, Antony, Jean Pierre, outros meninos
que vão construir as suas glórias. E, eu aplaudirei entusiasmado.
Afinal, o futebol é a paixão que move este blog e este escriba que
cultua 'um campo de sonhos'..
Mauro, diferente de Washington ou Enéas, vejo Neymar como protagonista. Um cara que aceita a comparação e esta não pesa sobre seus ombros.
ResponderExcluirA distância, o tempo favorece Neymar. Washington e Enéas foram muito próximos de Pelé. Não tiveram apoios, só comparações. Não suportaram o peso. Seriam maiores sem as comparações.
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