Mauro Pandolfi
É
o dono da bola. Ela procura seus pés. Ele acaricia. Gira o jogo para um
lado. Vira para o outro lado. Acelera. Cadencia. A figura é imponente.
Se destaca na multidão do meio-campo. Quase não corre. Seus passos são
lentos. Flutua nos espaços vazios. Procura um atalho. Ele conhece todos.
A sua presença gera confiança. Aumenta a estima de seus companheiros. É
a certeza de uma solução, onde não há mais saída. Só há esperança. Ela
surge numa cobrança de falta. A bola viaja, lenta, rumo ao coração do
gol. Os torcedores confiam no seu talento, na dedicação amorosa, na bravura.
Marquinhos Santos é o cérebro, coração e alma deste Avaí que desafiou a
lógica da bola, a verdade dos comentaristas, as incertezas dos
torcedores e o sobrenatural do teatro de grama e paixão. Ele é o El Cid
avaiano. O herói que nunca abandona as batalhas. O guerreiro imortal
feito o espanhol. Ressurge sempre. Basta a sua presença física para
despertar a chama da vitória. As loucas batalhas são vencidas. Nem o
tempo abala a sua fúria.
Marquinhos Santos é um dos melhores jogadores daqui.
Habilidoso. Preciso na cobrança de falta. A bola na entrada da área não é meio gol. É um gol inteiro.
Dois, três passos. O olhar de quem calcula a distância, a força, a
velocidade. A batida é certeira. Resta ao goleiro apenas acompanhar a
trajetória. Foi assim contra o Náutico, É só mais uma qualidade. A
principal! Gosto da maneira dele controlar o jogo. A postura e o
posicionamento. Abre pelos lados. Sempre fugindo do marcador. Rege o
jogo. As mãos de um maestro orienta o melhor lance. Marquinhos Santos é
raro. Um meiocampista que se reinventou, descobriu os novos olhares do
futebol. Pena que já tem 35 anos. Logo, logo, será saudades. A lembrança
será um poster no quarto de algum 'avaixonado'.
"Êssi Avaí fásh côza!" A filosofia mané elúcida a ilogicidade da bola. O Avaí saiu
de um tormento para glória. Desafiou a imprensa e seus profetas, os
torcedores lúcidos, os fundamentalistas, os apavorados. Todos temiam a queda. Subiu!
Que mágica foi esta? Aquele time terrível, de maus jogadores, com um
arremedo tático se reinventou. Trabalho, acaso ou era um engano de
análise? Sempre achei o time melhor que os comentaristas diziam. Via
qualidades individuais, técnicas, de estrutura de armação de jogo. Não
sou um vidente como o meu amigo Rai Carlos. Alias, ele sempre falou que o
ceu é azul e a festa de final ano, tambem seria azzura. "Este time vai dar coisa. Vai
subir. É muit bom! Escreva um texto falando isto. Por que tu não escreve sobre o
futebol daqui? Se perde em Messi, Neymar e nos delírios gremistas. Olhe o seu chão, Mauro!" Boa pergunta que não sei a resposta.
O Avai é consistente. Sereno, tranquilo, cirúrgico. Defesa sólida, variação tática, certeiro no ataque. Muda o sistema de jogo sem trocar jogadores. Alterna os movimentos, os passes com a lucidez das ótimas equipes. Não é vistoso. É preciso. Há jogadores preciosos e um técnico inventivo, perspicaz. E, como dizem, 'um ótimo gestor de pessoas'. Gestor é um termo que vai substituindo o 'velho motivador'. O goleiro Renan é espetacular. A solidez defensiva passa por Alemão e os zagueiros Fábio Sanches e Betão formam um paredão. Poucas equipes tem um lateral enérgico, agressivo, como Capa. O meio é equilibrado. Tem a segurança de Luan, as longas passadas de João Felipe e a multiplicidade de Renato. Um meia deste tempo. Movimentos, deslocamentos, passes, sempre a procura de espaço vazio para facilitar a jogada. Jogadoraço!
O Avai é consistente. Sereno, tranquilo, cirúrgico. Defesa sólida, variação tática, certeiro no ataque. Muda o sistema de jogo sem trocar jogadores. Alterna os movimentos, os passes com a lucidez das ótimas equipes. Não é vistoso. É preciso. Há jogadores preciosos e um técnico inventivo, perspicaz. E, como dizem, 'um ótimo gestor de pessoas'. Gestor é um termo que vai substituindo o 'velho motivador'. O goleiro Renan é espetacular. A solidez defensiva passa por Alemão e os zagueiros Fábio Sanches e Betão formam um paredão. Poucas equipes tem um lateral enérgico, agressivo, como Capa. O meio é equilibrado. Tem a segurança de Luan, as longas passadas de João Felipe e a multiplicidade de Renato. Um meia deste tempo. Movimentos, deslocamentos, passes, sempre a procura de espaço vazio para facilitar a jogada. Jogadoraço!
Há
ainda Diego Jardel. Antigo e moderno. Capaz
de lances fantásticos com uma fuga inesperada do jogo. Este
desequilíbrio impede ser um belo jogador. O garoto Rômulo vai brilhar
muito pelos campos deste planeta. De Marquinhos, já escrevi. Uma equipe
que mostra que o impossível não existe. Às vezes, o impossível é apenas
a qualidade não observada
Manter
a equipe ou reforçar? O dilema de 2017. Tomara que a direção não escute
os profetas que diferenciam tanto Série A a de B. Fique com este time,
acrescente alguns jovens, promessas de times menores e fuja dos
medalhões. Será inevitável perder alguns jogadores. É a lógica do
capital no futebol econômico. É a crueldade da grana que 'constrói e
destrói coisas belas'. O futebol é feito de sonhos. Ainda somos um ioiô.
Descemos e subimos com a mesma velocidade. Mas, um dia, quem sabe, a
ilusão mude a história da bola. Porém, como todos sabem, as ilusões
estão perdidas.
PS:
Este texto é escrito por um torcedor do Figueirense que acredita que a
rivalidade deve ser encarada com mais afeto. Nem todas, é verdade!
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