Mauro Pandolfi
O
mito envelheceu. Ninguém ligou para o aniversário. No domingo, fez 76
anos. O que achava impossível, aconteceu. Nenhum grande jornal, site,
tevê falou de Pelé. Parece que Édson Arantes do Nascimento entrou em
cena. Pelé foi para o baú da memória, que fica entre a alma e o
coração. A data foi tratada como de um cidadão comum. Só Mílton Neves,
na Rádio Bandeirantes, comemorou o aniversário do Rei do Futebol. Será
que a realeza já pertence a outro?
Pelé
é o maior mito do esporte. Nome mágico feito Muhamad Ali. Imponente.
Glorioso. Onipresente. Pelé não é o inventor do futebol. É que
transformou o futebol em algo que transcende ao esporte. Alguns, chamam
de arte. Outros, de vida. O teatro de grama e paixão tem heróis, mitos,
figurantes, coadjuvantes e uma plateia apaixonada. Nenhum tão importante
como Pelé.
Pelé
disse 'love, love, love'. Não ligaram. Como é piegas, o nosso Rei?,
disseram. Só Caetano Veloso entendeu o discurso que virou canção.
'Cuidem das criancinhas", pediu, após beijar a bola do milésimo gol. Não
atenderam. Bobagem demagógica, berraram os críticos, os pensadores de
esquerda, de direita, os apologistas do Brasil Grande. Virou um flagelo a
violência infantil. Nunca entenderam que um gênio pensa alguns segundos
antes dos mortais. Pelé já foi chamado de 'poeta'. Quando calado! Pelé
sobrevive nos sonhos de quem viu jogar, quem leu, ouviu ou sonhou. Está
se tornando uma saudade. Como dói!
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