"A Lei do forte. Essa é a nossa lei. E a alegria do mundo.
Viva! Viva! Viva A Sociedade Alternativa. (Viva! Viva! Viva!)..."
Viva! Viva! Viva A Sociedade Alternativa. (Viva! Viva! Viva!)..."
Eu
que sonhava com a sociedade alternativa, igual ao Raul Seixas, estou
perplexo com a sociedade paralela, distópica, de uma bolha, em que enfiaram
o Brasil. E, não sei como escapar dela.
Mauro Pandolfi
Agosto
já é uma saudade e não escrevi nenhum texto para este blog. Não foi a
ausência do tempo. Muito menos a falta de assunto. Nem preguiça. Quem
sabe, um conformismo que me incomodou, esta normalização de tudo.
Aceitamos tudo, desde a escatologia presidencial até a destruição física
do país. Não reagimos. Ou, vou para de falar no plural, vou no
singular: não reajo. Não é medo. Resta-me pouco para ter cagaço nesta
altura da vida. Talvez, a melancolia, o desencanto, uma tristeza que me
acompanha nestes tempos bollssonarianos. Quem sabe é descrença num
sonho, numa esperança ou numa utopia. E, nem o futebol, o meu 'culto', a
paixão, a auto-ajuda, despertou o tesão, esta falta de libido, que
sempre me leva a escrever. Não vi mais a poesia em um drible, ou num
passe, que desapareceu nestes jogos, onde ganhar é o que importa.
Brincar, ficar com a bola, despertar encantamento é só uma bobagem de
quem está perdido no tempo.'Tudo isto é inevitável', diria Thanos para
mim. E, por dias, vários dias, pensei em desistir deste espaço. O que
seria uma alegria para os poucos que perdem o seu tempo lendo-me. Mas,
resisti! Vamos lá...
Felipão nunca entendeu o 7 a 1.
Acha que foi um acidente, um desvio da curva, um apagão. Nunca a
derrota, o desastre de um jeito de jogar. Ele é o mesmo desde os anos
90. Fechado, quebrador de jogo, retrancado, um chute à esmo, um gol
encontrado por acaso, num chutão de longe, num erro do adversário.
Felipão é incapaz de formular, prestem atenção em suas entrevistas, uma
frase completa, límpida, clara, objetiva. Vai sempre aos pedaços,
desconexos, feito o seu jogo. 'O futebol sovina', como diz o Mário. Tem
jogadores acima da média, hábeis, criativos, inteligentes e o futebol é
pouco mais que medíocre. O comentarista Carlos Eduardo Lino foi preciso e
perfeito na análise do Palmeiras: 'tem uma orquestra e toca um
pagodinho'. O jeito Felipão ainda funciona por aqui. Afinal, o futebol
resgatou Luxemburgo, e por incrível que pareça, Osvaldo de Oliveira. O
Fluminense trocou a 'poesia' de Fernando Diniz, que tinha um belo jogo
sem resultado, pela expectativa de resultado sem jogo. Como dizem: cada um
faz as suas escolhas.
Liguei o rádio, na CBN,
escutei Raul Seixas. Era o dia de 30 anos de sua morte. Raul cantava
Gita, a mais bela e inspirada de suas canções. Entre uma xícara de café e
um sanduíche, a música levou-me ao Grêmio, o que sobrou do melhor
Grêmio que vi na vida. Aquele que amava o jogo como os meninos amam a
bola. De lá para cá, feito um bolero perfeito para dançar com a
namorada. Estamos no fim. Resta muito pouco daquele jogo. Renato, feito
um alquimista, tenta, inventa, procura soluções. Ainda não se convenceu
que a saída são os jovens. Foi com eles, o início. Arthur, Luan, Pedro
Rocha, Evérton foi o meio encontrado para as conquistas, os títulos, a
poesia que embalava o meu sonho. Quem sabe, o fim seja próximo do início
e do meio. Afinal, o Grêmio é, para mim a luz das estrelas, a cor do
luar, as coisas da vida e a alegria de amar.
É
preciso falar da bravura dos jogadores do Figueirense. Alguém que saiu
da bolha do medo, de que aceita tudo e se conforma com a normalidade
desonesta das coisas, do país, do poder. Enfrentaram a estrutura
reacionário do futebol, o conservadorismo da imprensa esportiva, os
jornalistas que alugam bocas e penas, a desconfiança e a incompreensão dos torcedores e partiram para o confronto. Já são
vitoriosos mesmo que não consigam alguma coisa. A reação será a de
sempre, desde a greve de 1917, jogadores serão demitidos, afastados,
'queimados'. Mas, venceram a batalha. Às vezes é preciso ficar na beira
do abismo e buscar o tudo ou ficar com nada. Eles mostraram que é
preferível ter 'os olhos dos cegos do que a cegueira da visão'.
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