sexta-feira, 10 de maio de 2019
O Futebol!!!
"Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se..."
O futebol é a melhor alegoria sobre a vida. Ele é a vida. Martha Medeiros entende da vida. Desconfio, também, entender de futebol.
Mauro Pandolfi
No início, o espanto. Depois, o deslumbramento. Em seguida, a desconfiança. Logo após, a angústia. O desespero veio junto com a irritação. Por fim, a fúria da derrota. O encantamento só foi descoberto no dia seguinte. O futebol é a maior invenção do homem. Não é só um jogo. É uma arte, um exercício de guerra, de auto-ajuda, de controle, um ato de fé. É como se o homem se aproximasse de Deus ou fosse o próprio Deus. O estádio é o todo. Tem a alegria, a tristeza, o riso, a dor, a 'morte', a ressurreição. Futebol é vida. Vivi todas as emoções no domingo. Lembrei do que vivenciei, do que sofri, do que me fez chorar, o que me levou ao êxtase. Este Grêmio e Fluminense nunca terminará. Está preso na eternidade. Nunca mais será esquecido. Muitos lembrarão da virada histórica. Eu contarei, para os meus netos, os inesquecíveis 30 minutos iniciais do Grêmio. Falarei da transubstanciação, da metamorfose, que por instantes, tão eternos intantes, o Grêmio foi o Barcelona de Messi ou o Santos de Pelé. A paixão me permite o exagero.
'Los 4 de Liverpool'. A manchete do jornal 'El Bernabeu', de Madri, ironizou a derrota do Barcelona. A foto de Messi completava a capa. O gênio abatido, desolado, humilhado. Messi tem o olhar perdido, longe, sem rumo, igual ao Barcelona no jogo. Valverde se inspirou na seleção argentina. Desorganizou seu time, não deixou Arthur jogar, escondeu Coutinho, isolou Suarez e esperou o milagre. E, como ocorreu com a Argentina na Copa, o milagre não veio. Jurgen Klopp já sabe que o Liverpool nunca está sozinho. O canto da torcida empurrou a ousadia. Ele encaixotou Messi, abriu o jogo, apostou na velocidade, na paixão e na esperteza juvenil para entrar na história. O futebol é poesia. Nem só de palavras, versos, se faz um poema. Às vezes, basta somente entender o vento e embalar a vida com a alma.
Semana de jogaços. De bola em festa. De coração dolorido e aliviado. A derrota que mais me abalou não foi a do Grêmio e nem do Barcelona. Chorei ao ver os meninos do Ajax desabando no campo. Deitados, desolados, perplexos. As lágrimas nos rostos jovens, alguns imberbes, me comoveram. O belo, majestoso futebol, derrotado pela eficiência, estratégia, resiliência do Tottenham. E, como é mágico o futebol. Se Messi foi menos do que comum, Lucas Moura fez o jogo de sua vida. A outra transubstanciação, metamorfose da bola, o comum virou gênio. Pode ser uma glória efêmera, passageira. Mas, será eterna para quem gritou gol. Lucas Moura entalhou seu nome na história e no coração do torcedor do Tottenham.
Há algo no futebol que sobrepõe a vitória. Que é maior do que um título. Alguns chamam de arte. O devaneio do drible, a precisão do passe, o lance mágico que poucos, ou ninguém, espera. Prefiro poesia. A poesia brinca com a vida, rima amor e dor sem constrangimento, cultua o craque e nunca despreza o comum. Às vezes, a beleza está ali, escondida num detalhe, num lance sem nexo, aonde não se espera nada. Quase nunca a poesia ganha um título. Os vitoriosos, geralmente, preferem a força, a fúria, o sangue. Mas, como diria Thanos, 'ela é inevitável!'
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