segunda-feira, 11 de março de 2019

Reflexões sobre o nada

 

"Se não houvesse mentira, não haveria sexo".
...nem craques, nem esquadrões perfeitos, nem ídolos, quem sabe, nem futebol. Jerry Seinfeld entende como poucos o significado do nada. Virou craque, mito, ídolo, estrelando uma série sobre o nada. Que dizia tudo, sem concessões.

Mauro Pandolfi

Toda manhã assisto um episódio de Seinfeld. Alguns, vi dezenas de vezes. E, cada vez que assisto, é um olhar diferente. Uma outra reflexão. Um pensar provocatico sobre a vida, o dia a dia, o cotidiano. A série tem fama de ser sobre 'nada'. Mas, longe de ser vazia. Histórias se cruzam em cada episódio. Não tem climax e nem anticlimax. Igual a vida. Pelo menos, a minha vida. Lembrei de Seinfeld ao ficar em frente do computador para escrever um texto para este 'cronicasportubo'. Ideias voaram, escaparam, escafederam-se. Comecei uma, duas, três, e nada! O 'nada' levou-me ao Seinfeld. Tudo o que pensei eram irrelevantes, sem muita muita importância, não mudaria a cotação do dólar, não rasgaria o projeto soturno da 'nova' - velha esperteza de sacanear o trabalhador brasileiro - previdência, nem causaria o impeachment de bollssonaro - o que eu lamento muito! O futebol é a alma deste blog. Então, vamos lá...
O Ajax é um time da minha infância. Cruyff, Resembrink, Neeskens, Rep são poesias para um certo Maurinho. O menino que se encantou com o carrossel. Logo ele, que ficava tonto com este brinquedo. 'Nossa linda juventude, páginas de um livro bom...' me pego, às vezes, do nada, cantado 14 Bis. É um devaneio ou engano sobre a nossa 'mocidade' este, quase, jogral do Clube da Esquina.. Me encantei, outra vez com o Ajax. Foi bonito demais, emocionante demais, a extraordinária goleada sobre o Real Madrid. Um time encantador de 'meninos' - sete com menos de 22 anos -  sobre o maior campeão da Europa, comandado por uma atuação exuberante do sérvio Tadic. Não diria que é uma quase vingança pela derrota do Grêmio em 2017. Afinal, perdemos para os holandeses em 95. Foi o prazer de ver o 'poder jovem' triunfar diante dos cascudos galácticos. E, foi mais prazeroso ver os 'catedráticos' da imprensa tentando explicar a goleada. Uma sucessão de nadas. Exatamente, como este texto.
Sampaoli incomoda o futebol brasileiro. Os técnicos não se sentem confortáveis com a sua presença. E, muito menos, com o jeito abusado, ofensivo, bonito do Santos. Fábio Carille, o bom treinador do Corinthians, é o mais invejoso de todos. Paparicado em 2017, Carille não suporta dividir os holofotes com o argentino. Aceita a  divisão com Felipão e, meio reticente, com Renato Portallupi. Ele critica 'o endeusamento' de Sampaoli. Diz que os jornalistas são desinformados e que nada do que Sampaoli faz é novidade. O que ele não deixa de ter razão. No entanto, o sopro 'novidadeiro' de Sampaoli terá vida curta por aqui. Sempre foi assim. Quem é gremista vai lembrar de Mujica. Mais recente, Osório perturbava os paulistas com as suas manias. Rueda não aguentou a pressão e pulou fora do Flamengo. O futebol brasileiro é uma sucessão de nadas. Exatamente como estes parágrafos.
Me enganei. Como estou feliz com o meu engano. O 'ciclo' do bom futebol gremista não terminou. Renato reinventou o time. Deu espaços para as jóias raras. Jean Pierre desfila a sua elegância de 'príncipe etíope' (desculpe-me, Nélson Rodrigues, em roubar o seu adjetivo para o imenso Didi. Mas, é preciso), seu jeito meio Pogba de flutuar, bailar, inventar espaços. Há Mateus Henrique, uma reedição de Arthur. E, agora, surgiu um volante canhoto, Darlan, de muita qualidade, do controle da bola, no passe, um Fernando Redondo, assim como Victor Bobsin, que espera a sua vez. O que mais gosto em um torcedor é o exagero e a paixão. E, lembro de Seinfeld, outra vez, para terminar: Os seres humanos têm tanto medo de voar quanto os peixes têm de dirigir". O que significa esta frase? Nada, exatamente, como este texto!

2 comentários:

  1. Buenas, meu amigo!
    Teu texto tem significado sim. Gosto muito deles e a cada texto, procuro te conhecer um pouco mais, pois, mesmo no nada, colocamos algo de nós, certo?
    Maravilha, juventude! Pobre de mim... pobre de nós...
    Grande abraço.

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  2. A vida é contada pela lembrança, nossa e dos outros. É o que vai sobrar da existência. Quando alguém lembrar de nós ou ver uma foto, terá uma história para contar. Boa, emocionante, ruim, sem graça, amorosa, raivosa...esta é a nossa vida. Abraços tricolores!

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