"Um erro em bronze é um erro eterno".
Mário
Quintana é tão imenso nos versos quanto Renato é no drible. Meus
ídolos, minhas referências, dois provocadores de minhas paixões (a
poesia e o Grêmio), que estão eternizados na minha alma, no meu coração,
na minha história.
Mauro Pandolfi
Renato
está imortalizado em minha vida. Inesquecível! Está tatuado no coração e
na mente. É uma das paixões com quem divido a vida. É o nome de meu
filho mais velho. O nome do meio. Antes de Renato vem André. Afinal, foi
com André que a liberdade tricolor surgiu. Ele foi o libertador do
'jugo' colorado. Aquele voo foi mágico, inacreditável, doído, o início
de um tempo mais doce, livre, alegre, poético. Renato Portaluppi
consolidou este tempo. Artífice de conquistas que eu, menino em Lages,
jamais sonhei. Eu queria apenas ser campeão gaúcho. Renato foi além.
Mostrou que Yuri Gagarin tinha um pouco de razão. A Terra não era só
azul. Havia faixas, listras, estreitas, que moldavam, davam um contorno
mais belo ao planeta. O branco e o preto numa harmonia poucas vezes
vistas. Dizem que há múltiplos universos, onde tudo o que vivemos
repete-se, não como farsa, como eternidade. Então, gostaria de viver,
mais vezes, aquele dezembro de 1983.
Vi
Renato num amistoso contra o Figueirense em junho de 83. Era
impressionante! Tamanho de beque. Abusado como um velho ponta.
Driblador! Tinha a mesma rebeldia, o mesmo prazer em driblar. Havia algo
de Garrincha em Renato. No entanto, lembrava mais Julinho Botelho pelo
tamanho e fúria. Li sobre Julinho num livro de Nélson Rodrigues (A
sombra das chuteiras imortais) onde conta a sua atuação num amistoso da
seleção brasileira no Maracanã. Ao ter o nome anunciado, foi vaiado.
Afinal, estava no lugar de Garrincha. Mas, a bola rolou. Em pouco tempo a
vaia virou aplauso. Vi cenas de Julinho. Há muito de Renato nele.
Também, tentei ter algo de Renato quando jogava bola. Só tentei! Valeu a
pena brincar de Renato naquelas práticas desportivas. Às vezes, dava
certo e voltava feliz para casa.
Renato
é o Grêmio. Não há como separá-lo. Agora, está fixado. Não mais na
memória, na lembrança, nas conquistas, nos aplausos. Está eternizado em
bronze. A estátua retrata o maior momento do Grêmio como clube de
futebol. O mundo, por instantes, tinha as nossas cores. Renato corria de
braços abertos, como se desejasse abraçar todos os gremistas. Agora, na
estátua na Arena, nós, os gremistas, poderemos abraçá-lo e até tirar
uma selfie. Grato, Renato!
Primeiro
de outubro de 1997. Logo depois do almoço. O laboratório entregou o
envelope lacrado. Abrimos e logo a felicidade apareceu. Elaine estava
grávida. Depois do rodopio das cenas de novelas, começamos a pensar no
nome. Tinha que ter André e Renato, disse. Duplo?, indagou ela. Olha,
respondi, talvez complete o ataque com Éder, que tal? Nem desconfiava
que a Elaine não gostava de um trio de atacantes. Ficou André Renato!
Que raramente liga para o futebol. Gosta de copa do mundo. Mas, já vi
seus olhos brilhando quando falo dos belos jogos do Grêmio de Renato.
Provável, por me ver feliz. Quando ando distraído pela rua, às vezes, me
pego pensando sobre os nomes de meus filhos e acho que deveria ter
insistindo em Carlos Miguel no lugar de Pedro e que faltou Éder junto
com André Renato. Já pensou se um neto se chamar Kanneman Geromel? Não,
prefiro um atacante. Que tal Éverton Luan? Parece que vamos precisar do
bom senso da Elaine.
Já eu, tive apenas uma menina em quem pude escolher o nome... Alícia. Quando a Ana Clara nasceu para mim, já tinha dois aninhos e nome escolhido, né? Ainda não consigo convencê-las de que o futebol é melhor do que Pepa ou uma série qualquer da Netflix, mas continuo tentando.
ResponderExcluirGrande abraço.
O futebol é uma paixão que não despertei em meus filhos. O André gostou de jogar até os doze anos. Quando aprendeu, entendeu o jogo, virou passador, com um bom posicionamento,boa movimentação, desistiu. Pedro sempre foi um beque. Desistiu antes do André. O futebol é a minha solidão preferida. Fico na 'caverna', como chamo o meu quarto, isolado, longe e vou curtindo aquela paixão que vem desde menino. Quem sabe um neto goste do vovô e do Grêmio e se torne o meu parceiro de paixões. Abraços.
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