"Uma
vez, andando na rua, uma mulher puxou o seu filho pela mão e disse a ele,
me encarando: este é o homem que fez o Brasil chorar. Eu pago esta pena
há muito tempo".
Os gremistas econtram o seu Barbosa moderno. Bressan será 'devorado' com a crueldade que o futebol oferece.
Mauro Pandolfi
"Bressan!
Os gremistas nunca esquecerão este nome. Entrou para a história do
Grêmio contra o River. Não como um herói ou mito, como os que pessoas
veneram neste tempo. Como um símbolo de uma derrota. Um jovem que será
execrado por uma péssima noite. Exatamente igual o que aconteceu com
Cláudio Radar num grenal nos anos 70. Radar foi driblado à tarde inteira
por Lula, que era um vértice agudo de um triângulo, mais do que
amoroso, com Paulo César Carpegiani e Vacaria. Os gremistas 'caçaram' o
infeliz Cláudio. Nunca mais vestiu a tricolor. Foi para o exílio em
Lages, onde ficou até morrer no anonimato. Não tem os seus pés na
Calçada da Fama e nem nas fotos que embelezam a Arena. Aquela tarde
aniquilou a carreira promissora e ele se tornou um pária no mundo da
bola. Bressan terá o mesmo destino. Como é cruel o futebol! Cada clube
tem o seu Barbosa. O Grêmio moderno achou o seu. Bressan! Os gremista
nunca esquecerão este nome
Eu
gosto de Bressan. Gosto da bravura, da vontade, da vibração, do amor
que veste a camisa do Grêmio. Parece um torcedor. Oferece a alma e a
vida pelo time. Nunca se entrega. Talvez, seja o seu erro. Se expõe, se
oferece, se humilha, perde quase sempre. Será devorado com muita
crueldade. Inteiro ou em partes. O desespero ao perceber a expulsão é um
momento grandioso de um homem aniquilado. Protestou, brigou, ficou
enlouquecido, chorou. Viu a 'morte'. A saída de campo é igual a entrada
em um matadouro. Foi o gesto final. Eu gosto de Bressan! Eu sou um
Bressan na vida. A história cheia de derrotas (em três dias, duas
derrotas fatais), de eternos recomeços, de 'exílios'' voluntários para
se reconectar com a vida, de superação. História de muitos brasileiros.
Não acredito que Bressan terá uma outra chance no Grêmio. Vai Bressan,
ser um Claúdio Radar na vida!
Ficou
fácil explicar a derrota. Tem Bressan e o Var. Erros que justificam a
vitória do River. É a simplificação que o futebol aprecia. O erro do
Grêmio foi onde o Grêmio é imenso. Renato Portaluppi é o criador de um
time mágico, o melhor que vi. O mais encantador. Aquele que ama a bola.
Que torna o jogo um momento poético. Renato desistiu daquele Grêmio.
Nunca foi tão 'Gaúcho' como contra o River. Esqueceu de jogar. Deu a
bola, o campo, ofereceu espaço, permitiu a movimentação, deixou o tempo
livre e perdeu. Foram escolhas erradas na escalação e no banco. Não há
motivo que explique Douglas e Marcelo Oliveira. Gratidão? Uma placa, um
bônus, um desejo de boa sorte em outro clube. É o suficiente, justo!
Matheus Henrique e Jean Pyerre, os jovens cheios de talentos, ficaram
esquecidos. Igual ao que aconteceu com Anderson e Lucas Leiva numa
batalha histórica. Ficamos aflitos durante o jogo. Esta partida é uma
lição para Renato. Ele não é Mano Menezes. Aquele que ama o regulamento,
o pragmatismo, a sofrência e o resultado. Nunca mais tente ser Mano
Menezes, Renato, e nem 'Gaúcho'. Seja Portaluppi, aquele que ama o
futebol. Que sempre apostou na beleza do drible, do encantamento do
passe e do prazer do gol.
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