segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Mordaça social


Chiko Kuneski

Só podemos ser o que a média quer que sejamos. Caminhamos para o fim da individualidade criativa por conceitos de enquadramento dentro do politicamente correto. O falar, o agir,  pensar e até o olhar está cada dia mais controlado por uma ditadura social munida do punir a oposição. Seja de conceitos, seja de ideias. O “é proibido proibir”, grito de liberdade do Caetano Veloso conta a ditadura, virou é proibido ser diferente dos que se chamam de diferentes. Tudo que seja uma expressão individual fora do padrão politicamente correto tem que ser punido. Ás vezes até com agressões físicas.

Foi assim que o politicamente correto se expressou e chegou mandando no futebol. Vias de fato. O extravasar do gol agora precisa ter regras sociais de conduta, caso contrário, adversários e, principalmente os “progressistas” comentarias politicamente corretos, execram o artilheiro. Nada de gestos, nada de danças “ofensivas” nada de declarações contundentes. Só é permitido proibir.

Em uma semana dois Vinícius foram alvo desse policiamento social pela alegria de darem alegria para suas torcidas. No jogo Flamengo e Botafogo, pela Taça Guanabara, Vinícius JR, com um futuro promissor, faz um belo gol e sai fazendo gestos de bebê chorão, uma alusão ao “chororô” do adversário em torneiro passado. Não podia. É proibido. Não é politicamente correto. Jogadores adversários partiram para agredir o jovem. Os  comentarias criticaram duramente a atitude “provocativa”. Vinícius JR estava apenas comemorando ao seu jeito, moleque.

Mas a “molecagem” dos Vinícus parece mesmo desagradar os politicamente corretos do futebol. Uma semana após o jogador do Bahia com o mesmo nome fez o gol de pênalti contra o rival Vitória. Para comemorar...dancinha terminando com o banido “crauuu”. Apanhou. Foi puxado, seguro, esmurrado, chutado e, não bastasse, execrado pela mídia politicamente correta por seu gesto. O desvio de conduta social não foi dos agressores, foi de Vinícus por comemorar seu gol como comemorou outros antes, inclusive postando vídeo nas redes sociais há um mês antes do fato.


Mas agora parece que no campo de futebol não pode mais ter dancinha, gestos, provocações que fazem parte da festa. O gol é um orgasmo, seja da torcia, seja de que marca. Querem agora chegar até ao orgasmo politicamente correto? Na exacerbação dessa ditadura social chegaremos ao ponto em que os jogadores ficarão estáticos olhando atônitos o feito no "replay" do frio plasma com os torcedores “vibrando”  com  o abanar insosso  de bandeirolas com o logotipo do politicamente correto, entregues na entrada dos estádios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário