"A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente".
Não
terá Jardel, Paulo Nunes, Arce, Luan, Arthur ou Grohe na tela da tevê.
Apenas o 'buraco de minhoca' de Einstein que me levará ao imaginário de
um campo dos sonhos no encontro dos lendários tricolores Renato e
Felipão.
Mauro Antônio Pandolfi
Fui
na ciência em busca do entendimento do passado que nunca passa. Poderia
ter me agarrado na poética de Mário Quintana: 'o passado não reconhece o
seu lugar. Está sempre presente'. Há poucos 'Grêmios' eternos no meu
baú de memórias. O mais emocionante, o que arrebata a minha alma, é o de
Telê Santana de 1977. Aquele time é o meu poema favorito. O que declamo
em dias tristes. Corbo; Eurico, Ancheta, Oberdan e Ladinho; Vitor Hugo,
Tadeu e Iúra; Tarciso, André e Éder. Está definitivamente em minha
vida. André é o nome de meu filho mais velho. Gosto do 'Grêmio Show, do
Otacílio, Valdo, Lima e Cristovão e da modernidade de Tite com os seus
três defensores, que não eram zagueiros, e Marcelinho Paraíba. Mas, os
que ficaram feito tatuagem, os que me levaram ao delírio, ao
encantamento foram o mais moderno e o mais poético. Seus artesães se
enfrentam na Copa do Brasil. Renato Portaluppi e Luís Felipe Scolari num
duelo que é só um jogo qualquer. O mítico encontro é somente um passado que mora ao lado, provocador destas linhas.
Quase
nada sobrou do Grêmio de Renato. Tudo foi esgotado. A destruição nada poupou. Do
conceito aos jogadores. Destroçado, perdido, sem rumo, o tricolor trava uma luta árdua contra o
rebaixamento. Os seus principais 'meninos', as 'promessas', foram
esmagados pelo fracasso final de Renato e de seu substituto Thiago
Nunes. Matheus Henrique foi vendido ao Sassuolo, como um volante
medíocre, e Jean Pyerre transformado em pária pela torcida furiosa e a
mídia que adora devorar os ídolos, de preferência, fatia por fatia, para
ser mais dolorido. Neste Brasileirão o Grêmio é um amontoado de ideias a
procura de um time, que parece longe dos passados que moram ao lado, e dos 'fantasmas'.que se enfrentam na Arena.
Nada
para de pé no fracasso. Ideias são substituídas a todo instante. Os
conceitos são líquidos. Fluídos que evaporam. A 'modernosidade' de
Thiago Nunes não resisitiu aos lugares-comuns do futebol. Perdeu,
perdeu, empatou, perdeu. Caiu! Sobraram os destroços deixados por Renato.
Thiago Nunes foi o equívoco. Quem sabe, o menor deles. Não teve tempo,
nem para reagir, nem para mostrar a mediocridade enganosa. Para substituir a lenda, uma outra lenda. O Grêmio
resgatou Felipão. A novidade em Luís Felipe é a ausência do bigode. Ah,
sem o Murtosa. Porém, perigosamente auxiliado por Paulo Turra, um destes
jovens forjados nos campos do 'Texas'.
Já tinha
esquecido como era. Há tempo que não via um jogo do Grêmio torcendo pelo
resultado. Pela única bola ao gol, pelo lance fortuito, pelo
sofrimento, por um goleiro milagroso. Tem sido dolorido torcer para o
Grêmio sem a poética do jogo bonito. Aos trancos, Felipão tenta armar um
time. Parece suspirar pelo seu de Grêmio vitorioso, moderno, de 95 e
96. Estão no encadeamento do jogo, tentando encaixar aquele conceito, em
suas 'peças', nas contratações, nas entrevistas. No entanto, 25 anos é o
tempo que separa o ontem e o hoje. Mas, como disse Quintana e Einstein,
o tempo é uma ilusão. Torço que este 'buraco de minhoca' seja um túnel
mágico e que nenhum trem venha no sentido contrário.
Do time Campeão da Libertadores e do Mundial
ficou a felicidade, a bela capa da Placar (a foto do Planeta Terra com
as três cores mais belas) e o Renato no meu coração. Ele é quem completa
o nome de meu filho André. André Renato! Faltou um terceiro atacante. Porém, isto é
uma outra história.
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